sábado, 6 de setembro de 2014

Capítulo 20 Maratona [2\3]

 Para mim foi inevitável encarar aquilo como um desafio. 
Comecei a acariciá-lo com os dedos, tomando o cuidado de manter meus movimentos lentos e suaves, impossíveis de ser detectados. Para meu deleite,Joseph continuou conversado sem que nada em sua voz ou seu rosto me denunciasse. Seu autocontrole me excitava, fazia crescer minha ousadia. Procurei o botão de sua calça, animada com a ideia do contato de pele contra pele. Joseph deu mais um gole no vinho e deixou a taça sobre a mesa.
 “Só você mesmo, Arnoldo”, ele disse com bom humor em resposta a algo que seu amigo tinha dito. Senti meu punho ser agarrado no exato momento em que alcancei o botão dos seus jeans. Ele levou minha mão até a boca e a beijou, em um gesto aparentemente casual de afeto. Já a rápida mordida que deu no meu dedo me pegou de surpresa e me fez engasgar de susto. 
Arnoldo sorriu — um sorriso um tanto irônico de um solteiro que via seu amigo ser laçado por uma mulher. Ele disse algo em italiano. Joseph respondeu com uma pronúncia fluente e sexy, num tom que parecia ser sarcástico. Arnoldo jogou a cabeça para trás e caiu na risada. Eu me remexi no assento. Adorava ver Joseph daquela maneira, relaxado e se divertindo. Ele olhou para meu prato vazio, depois para mim. 
“Podemos ir?”
 “Ah, sim.” Eu estava ansiosa para saber como seria o restante da noite,quantos lados de Joseph ainda seriam revelados. Para mim, essa nova face era tão adorável quanto o executivo poderoso vestido de terno, o amante dominador na cama, a criança magoada que não conseguia esconder as lágrimas e o companheiro carinhoso que me abraçava quando eu chorava.
 Ele era complexo demais, um grande mistério para mim. Eu mal havia arranhado a superfície de seu ser. Mas ainda assim já estava totalmente envolvida por ele. 
“Esses caras são bons!”, Shawna gritou quando a banda de abertura começou a tocar sua quinta música. Tínhamos abandonado nossos assentos depois da terceira música, abrindo caminho por uma multidão em polvorosa para garantir um lugar no espaço entre as fileiras de poltronas e o palco. Joseph estava posicionado atrás de mim,com seus braços me cercando de ambos os lados e segurando bem firme na grade. O restante da plateia se espremia ao nosso redor, empurrando-nos coletivamente, mas eu estava protegida pelo corpo dele, assim como Arnoldo protegia Shawna ao nosso lado. Com certeza Joseph teria conseguido lugares muito melhores para nós,mas, como havia sido Shawna quem tinha nos convidado, usar seus ingressos era algo necessário para evitar uma tremenda indelicadeza. Joseph entendeu isso e estava disposto a encarar o que viesse pela frente, o que me deixou muito feliz. Virei a cabeça para olhá-lo.
 “Essa banda também é da Vidal?” 
“Não. Mas gostei.” Fiquei contente por ele estar curtindo o show. Levantei os braços e gritei,energizada pela animação da plateia e a batida pesada. Eu dançava entre os braços de Joseph, molhada de suor, com o coração disparado. Quando o show de abertura terminou, os técnicos se apressaram em instalar os equipamentos e preparar o palco para o Six-Ninths. Num gesto de gratidão por aquela noite, por aquela alegria, pela maravilha de enlouquecer com o homem que amava, eu me virei e lancei os braços por sobre os ombros deJoseph e o beijei na boca. Ele me pegou no colo e me fez passar as pernas em torno de sua cintura,beijando-me com violência. Seu pau estava duro e pressionado contra mim,incentivando-me a me esfregar nele. As pessoas ao redor começaram a assobiar e gritar coisas como “Vão para um motel” ou “Come ela, cara!”, mas não dei a menor bola, e muito menos Joseph, que parecia tão arrebatado por aquele impulso sexual quanto eu. Sua mão na minha bunda me esfregava contra sua ereção, enquanto a outra agarrava meus cabelos, mantendo-me na posição em que queria ao me beijar, sedento para sentir meu gosto. Nossas bocas abertas se esfregavam desesperadamente uma à outra. Sua língua ia fundo dentro de mim, em movimentos rápidos, como se estivesse fazendo amor com minha boca. Eu o recebia com prazer, lambendo e sentindo seu gosto, gemendo diante de seu desejo insaciável. Ele sugou minha língua,deslizando os lábios ao redor dela. Eu estava molhadinha e louca para ter seu pau dentro de mim, um desejo quase frenético de ser preenchida. “Você vai me fazer gozar”, ele rosnou, e mordeu meu lábio inferior. Eu estava tão envolvida pela ferocidade de sua paixão que mal me dei conta de que o show do Six-Ninths havia começado. Foi só quando ouvi a voz do vocalista que me lembrei de onde estava. Fiquei tensa na hora. Minha mente tentava raciocinar em meio à névoa do desejo, lutava para processar o que eu estava ouvindo. Eu conhecia aquela música. Meus olhos se abriram quando Joseph me soltou. Por cima de seus ombros, vi os cartazes erguidos no ar. BRETT KLINE É MEU! ME FODE, BRETT! E o meu preferido: BRETT, EU TE ACERTARIA COMO A IRA DIVINA!!! Droga. Quem poderia imaginar?
 Cary, claro. Ele sabia, e não me disse nada. Deve ter achado que seria muito mais engraçado se eu descobrisse tudo ali na hora. Minhas pernas se desprenderam dos quadris de Joseph, e ele me pôs de volta no chão, protegendo-me dos fãs enlouquecidos ao redor com a barreira de seu corpo. Virei para o palco sentindo um tremendo frio na barriga. Obviamente, Brett Kline estava ao microfone, com sua voz profunda, poderosa e infernalmente sexy silenciando os milhares de pessoas que estavam ali para vê-lo.Seus cabelos curtos estavam espetados, com as pontas descoloridas, e seu corpo esguio, vestido com uma calça cargo verde-oliva e uma camiseta regata preta. De onde eu estava não dava para ver, mas seus olhos eram de um verde-esmeralda brilhante, e a combinação de seu rosto bonito e seu sorriso encantador, com direito a covinhas, levava as mulheres à loucura. Tentando desviar minha atenção de Brett, olhei para os outros membros da banda e reconheci todos. Mas na época de San Diego o grupo não se chamava Six-Ninths. Era Captive Soul, e fiquei me perguntando o motivo da mudança.
 “Eles são bons, né?”, Joseph perguntou com a boca colada ao meu ouvido para que eu pudesse ouvi-lo. Uma de suas mãos estava apoiada na grade e a outra ficava na minha cintura, mantendo-me grudada nele enquanto se mexia ao som da música. A combinação de seu corpo com a voz de Brett levou meu desejo sexual já enlouquecido a alturas inimagináveis. Fechei os olhos e me concentrei na presença atrás de mim e na emoção inigualável que sempre sentia ao ouvir Brett cantar. A música ressoava por minhas veias, despertando lembranças — algumas boas, outras ruins. Eu balançava nos braços de Joseph, e o desejo se espalhava por meu corpo. Ele também estava louco de tesão. A luxúria exalava de seu corpo em ondas mornas, tomando conta de mim, tornando dolorosa a distância física que ainda havia entre nós naquele momento.
 Agarrei a mão que ele mantinha espalmada na minha barriga e a puxei para baixo. 
“Eva.” Sua voz áspera estava carregada de volúpia. Eu o estava provocando a noite toda, do momento em que havia contado que não estava mais menstruada, passando pela breve sessão de masturbação no restaurante, até chegar ao beijo lascivo no intervalo. Ele agarrou minha coxa e a apertou. “Abra as pernas.” Apoiei o pé esquerdo na parte inferior da grade. Deitei a cabeça sobre seu ombro e, um segundo depois, sua mão estava debaixo da minha saia. Sua língua percorria o contorno da minha orelha e sua respiração era ofegante. Senti seu gemido bem no meu ouvido quando ele descobriu o quanto eu estava molhada. A banda emendava uma canção na outra. Joseph me massageava por cimada calcinha, em movimentos circulares que depois tomaram o sentido vertical,acompanhando minha abertura. Meus quadris se remexiam ao toque, meu ventre se contraía, minha bunda se esfregava sem parar em seu pau duro. Eu estava pronta para gozar ali mesmo, em meio a dezenas de pessoas, porque era esse o efeito que Joseph causava sobre mim. Ele me deixava literalmente louca de tesão. Nada mais importava quando eu sentia suas mãos sobre mim, sua atenção me tirava do sério. 
“Isso mesmo, meu anjo.” Ele puxou minha calcinha de lado e enfiou dois dedos em mim. 
“Vou passar horas e horas fodendo essa boceta maravilhosa.” Com a multidão se espremendo ao nosso redor, a música ressoando no ar e nossa privacidade garantida apenas pela distração dos demais, Joseph enfiou ainda mais profundamente os dedos em mim e os deixou por lá. Aquela penetração sólida e imóvel me deixou enlouquecida. Eu remexi os quadris em torno de sua mão, em busca do orgasmo de que tanto precisava. A música acabou, e as luzes se apagaram. Envolvida pela escuridão, a plateia reagiu aos berros. A ansiedade foi crescendo em meio à multidão e se tornando cada vez maior até que um acorde de guitarra pôs fim ao silêncio da banda. Os gritos saltaram ao mesmo tempo de todas as gargantas, depois os isqueiros começaram a ser acesos, transformando aquele mar de gente em uma nuvem de vagalumes. Um único holofote iluminou o palco. Brett estava sentado em um banquinho, sem camisa e brilhando de suor. Seu peitoral era rígido e bem definido,assim como seu abdome. Enquanto ele baixava o pedestal do microfone, os piercings em seus mamilos brilhavam. As mulheres na plateia começaram a gritar,inclusive Shawna, que pulava sem parar e soltava assobios ensurdecedores. Eu entendia perfeitamente por quê. Sentado daquele jeito, com os pés sobre os apoios do banquinho e os braços bem torneados cobertos de tatuagens,Brett parecia absurdamente sexy e desejável. Durante seis meses, quatro anos antes, fiz de tudo para ficar sem roupa com ele sempre que possível, tão atraída e desesperada para ser amada que aceitava toda e qualquer migalha de atenção que ele me concedia. Os dedos de Joseph começaram a deslizar dentro de mim, para dentro e para fora. O baixo entrou na canção. Brett estava cantando uma música que eu não conhecia, com uma voz grave e melódica, pronunciando cada palavra com perfeição. Ele tinha a voz de um anjo caído. Arrebatadora. Sedutora. E seu rosto e seu corpo só faziam crescer a tentação. Golden girl, there you are. I’m singing for the crowd, the music’s loud. I’m living my dream, riding the high, But I see you there, sunlight in your hair, And I’m ready to go, desperate to fly. Golden girl, there you are.
 Dancing for the crowd, the music’s loud. I want you so bad. I can’t look away. Later, you’ll drop to your knees. You’ll beg me please. And then you’ll go, it’s only your body I know. Golden girl, where’d you go? You’re not there, with sunlight in your hair. I could have you in the bar or the back of my car, But never your heart. I’m falling apart. I’ll drop to my knees, I’ll beg you. Please. Please don’t go. There’s so much more I want to know. Eva, please. I’m on my knees. Golden girl, where’d you go? I’m singing for the crowd, the music’s loud. And you’re not there, with sunlight in your hair. Eva, please. I’m on my knees.O holofote se apagou. Um longo instante transcorreu até a música terminar. Então as luzes voltaram e a bateria provocou uma explosão sonora. Chamas crepitaram no palco, e a plateia foi ao delírio. Eu me sentia perdida, com um rugido nos ouvidos, um aperto no peito eu ma confusão estonteante.
 “Essa música”, Joseph gemeu no meu ouvido enquanto metia com força os dedos em mim, “me faz pensar em você.” A palma de sua mão começou a massagear meu clitóris, e eu gozei em meio a um turbilhão de sentimentos. Meus olhos se encheram de lágrimas. Gritei,sentindo-me trêmula em seus braços. Agarrando a grade à minha frente, aguentei firme e deixei aquela onda irrefreável de prazer reverberar por meu corpo. Quando o show terminou, eu só conseguia pensar em ligar para Cary. En-quanto esperávamos a multidão se dispersar, apoiei-me em Joseph, largando todo o meu peso sobre os braços que me envolviam.
 “Está tudo bem?”, ele perguntou, passando as mãos nas minhas costas.
 “Está”, menti. 
 Na verdade, nem sabia direito o que estava sentindo. O fato de Brett ter composto uma música que jogava uma luz diferente sobre nossa relação não deveria ter efeito nenhum sobre mim. Eu estava apaixonada por outro.
 “Também quero sair daqui logo”, Joseph murmurou.
 “Estou morrendo de vontade de você, meu anjo. Não consigo nem pensar direito.” Enfiei as mãos nos bolsos traseiros dos jeans dele.  
  “Então vamos embora.” 
  “Tenho acesso aos bastidores.” Ele beijou a ponta do meu nariz quando me inclinei para trás para olhá-lo.
  “Não precisamos dizer nada para eles, se quiser mesmo ir embora.” Fiquei seriamente em dúvida por um momento. Afinal de contas, se a noite havia sido tão boa, isso se devia em grande parte a Joseph. Mas eu sabia que mais tarde me arrependeria de negar a Shawna e Arnoldo — que era um grande fã do Six-Ninths — algo de que eles lembrariam pelo resto da vida. E eu estaria mentindo se dissesse que não gostaria de ver Brett mais de perto. Não queria que ele me visse, mas adoraria observá-lo.
 “Não. Vamos lá com eles.” Joseph pegou na minha mão e foi falar com nossos amigos, cuja empolgação ao receber a notícia me forneceu o pretexto de dizer que estava fazendo aquilo por eles. Entramos por um caminho ao lado do palco, onde um homem enorme fazia as vezes de segurança. Enquanto o sujeito falava no fone de ouvido, Joseph sacou o celular e avisou Angus para estacionar a limusine nos fundos. Nesse momento, nossos olhos se encontraram. Seu olhar acalorado era uma promessa de prazer de tirar o fôlego. 
“Seu namorado é o máximo”, comentou Shawna, lançando para Joseph um olhar de quase reverência. Não era o olhar de alguém que estava interessada nele, e sim de alguém que o admirava. 
“Esta noite está sendo um sonho. Fico devendo uma.” Ela me deu um abraço rápido, mas bem apertado. “Obrigada.” Eu a abracei de volta.
 “Obrigada você, por me convidar.” Um homem alto e magro com mechas azuis nos cabelos e óculos com armações pretas estilosas veio até nós. “Senhor Jonas”, ele cumprimentou, estendendo a mão. 
“Eu não sabia que vinha hoje.” Joseph apertou a mão dele.
 “Não avisei ninguém”, ele respondeu tranquilamente, levando a outra mão até mim. Eu a agarrei e ele me puxou para a frente e me apresentou a Robert Phillips, empresário do Six-Ninths. Shawna e Arnoldo foram apresentados em seguida, e então fomos levados por corredores onde a movimentação era grande,principalmente de groupies. Naquele exato momento, senti que seria melhor não chegar nem perto de Brett. Não foi nada difícil esquecer tudo de ruim que havia acontecido entre nós enquanto ele cantava. E ainda mais depois de ouvir a canção que ele tinha composto sobre nós. Aquele período da minha vida, porém, era algo que eu lembrava com vergonha. 
“A banda está logo ali”, disse Robert, apontando para uma porta aberta de onde a música e as gargalhadas saíam em altos volumes. “Eles vão adorar conhecer você.” Meus pés se fincaram no chão. Joseph parou, encarando-me com a testa franzida.
Fiquei na ponta dos pés e sussurrei: “Não estou nem um pouco a fim de falar com esses caras. Se não se importa, vou passar no banheiro e depois vou direto para a limusine”. 
“Espere um minutinho que eu vou com você.”
 “Vou ficar bem. Não se preocupe comigo.” Ele pôs a mão na minha testa. 
“Está tudo bem? Você está vermelha.” 
“Estou ótima. E vou provar quando a gente chegar em casa.” Isso foi suficiente para acalmá-lo. A ruga em sua testa se desmanchou, e ele sorriu. 
“Vou apressar as coisas aqui, então.” Ele olhou para Robert Phillips e apontou para Arnoldo e Shawna. “Você pode ir com eles? Preciso resolver uma coisinha antes.”
 “Joseph, está tudo bem...”, protestei.
 “Vou levar você até lá.” Eu conhecia aquele tom de voz. Deixei que fosse comigo até o banheiro, al-guns metros adiante.
 “Eu posso ir sozinha daqui, garotão.”
 “Eu espero.”
 “Assim a gente nunca vai sair daqui. Vá lá fazer o que precisa fazer. Vou ficar bem.” Ele me lançou um olhar paciente. “Demetria, não vou deixar você sozinha.”
 “Eu me viro. É sério. A saída é logo ali.” Apontei para o corredor, para as portas abertas sob um sinal luminoso que marcava a saída. A equipe já estava começando a desmontar e retirar os equipamentos. “Angus está logo ali, não está?” Joseph apoiou o ombro na parede e cruzou os braços. Joguei as mãos para o alto.
 “Certo. Tudo bem. Faça o que você quiser.”
 “Você está aprendendo, meu anjo”, ele disse com um sorriso  Resmungando baixinho, entrei no banheiro e fiz o que precisava fazer. Enquanto lavava as mãos na pia, olhei-me no espelho e estremeci. Estava com manchas de rímel de tanto transpirar, e minhas pupilas estavam dilatadas.
 “O que foi que ele viu em você?”, perguntei a mim mesma, desdenhosa,pensando comigo que Joseph ainda estava impecável. Por mais suado que estivesse, ainda parecia lindo, enquanto eu estava um caco. Porém, mais do que na minha aparência, eu estava pensando nos meus deslizes. Disso não havia como escapar. Não enquanto estivesse sob o mesmo teto que Brett. Esfreguei uma toalha de papel molhada sob os olhos para me livrar das manchas pretas, depois voltei para o corredor. Joseph estava à espera alguns metros adiante, conversando com Robert, ou, para ser mais precisa, ouvindo oque ele dizia. O empresário da banda estava claramente empolgado a respeito de alguma coisa. Joseph me viu e estendeu a mão para que esperasse um minuto, mas eu não queria me arriscar. Apontei para a saída, virei-me e saí andando antes que ele pudesse me alcançar. Passei rapidamente diante da porta do camarim, arriscando uma rápida olhada para dentro. Shawna estava lá, dando risada com uma cerveja na mão. A sala estava lotada e barulhenta, e ela parecia estar se divertindo bastante. Concluí minha fuga com um suspiro de alívio, sentindo-me dez vezes mais leve ao pisar do lado de fora. Angus estava ao lado da limusine de Joseph, estacionada perto de uma fileira de ônibus. Acenei e comecei a caminhar em sua direção. Lembrando o que tinha acontecido naquela noite, fiquei impressionada com a desinibição de Joseph. Ele com certeza não era o tipo de homem que usava suas fusões e aquisições para impressionar uma mulher e levá-la para a cama. Eu mal podia esperar para ficar sozinha com ele.
 Uma chama se acendeu na escuridão à minha direita e me assustou. Fiquei paralisada ao ver Brett Kline acendendo o cigarro de cravo que pendia de seus lábios. Ele estava parado no escuro ao lado da saída, e a luz bruxuleante da chama revelou seu rosto e me fez voltar no tempo por um longo instante. Brett levantou a cabeça e ficou sem reação ao me ver. Simplesmente olhamos um para o outro. Meu coração estava disparado, em uma mistura de excitação e apreensão. De repente ele soltou um palavrão, balançando o dedo que o palito de fósforo havia queimado. Tentei dar o fora dali, esforçando-me para não parecer que estava fugindo ao partir na direção de Angus e da limusine.
 “Ei! Espera aí!”, gritou Brett. Ouvi seus passos correndo atrás de mim e senti a adrenalina se espalhar por meu corpo. Um membro da equipe estava empurrando um carrinho cheio de equipamentos e passei à frente dele, usando-o como cobertura para me esconder entre dois ônibus. Encostei na lateral de um deles, entre dois compartimentos de carga abertos. Estava encolhida na escuridão, envergonhada da minha covardia, mas ciente de que não tinha nada a dizer a Brett. Eu não era mais a menina que ele havia conhecido. Vi quando passou apressado por mim. Decidi esperar, deixá-lo procurando um pouco até desistir. Mas estava preocupadíssima com o fato de que dali apouco Joseph apareceria atrás de mim.
 “Demetria.” Senti um arrepio ao ouvir meu nome. Virei a cabeça e vi Brett se aproximando pelo outro lado. Enquanto eu olhava para a direita, ele apareceu pela esquerda. 
“É mesmo você”, ele disse num tom de voz bem áspero antes de jogar o cigarro no chão e esmagar com a bota.
 “Você devia parar de fumar”, eu disse. 
“Você sempre fala isso.” Ele se aproximou com cautela. “Viu o show?”
 Confirmei com a cabeça e me afastei do ônibus, andando para trás.
 “Foi muito bom. Vocês estavam ótimos. Parabéns.” Ele dava um passo à frente a cada passo atrás que eu dava.
 “Eu bem que esperava encontrar você algum dia em um show. Já pensei em milhares de reações diferentes que poderia ter ao te ver na plateia.” Eu não soube o que dizer. A tensão entre nós era tão grande que mal conseguia respirar. A atração por ele ainda existia. Não era nada comparada à que eu sentia por Joseph. Brett não passava de uma sombra, mas mesmo assim tinha certo efeito sobre mim. Voltei para o ambiente aberto do estacionamento, onde a atividade era intensa e havia muita gente ao redor.
 “Por que você está fugindo?”, ele perguntou. Sob a luz de um poste de iluminação do estacionamento, vi seu rosto com clareza. Estava ainda mais bonito do que antes.
 “Não posso...” Engoli em seco.
 “Não tenho nada a dizer pra você.” 
 “O cacete.” A intensidade de seu olhar me fez queimar por dentro.
 “Você sumiu. Não disse nada, simplesmente não apareceu mais. Por quê?” Senti um nó no estômago, e o esfreguei com a mão. O que eu poderia dizer? Finalmente tomei vergonha na cara e decidi que merecia ser outra coisa na vida além de uma das várias garotas que você comia no banheiro entre uma música e outra.
 “Por que, Demetria? A gente tinha um lance legal e você desapareceu, porra.” Virei a cabeça à procura de Joseph ou Angus. Nenhum dos dois estava por perto, mas a limusine ainda estava lá.
 “Isso foi há muito tempo.” Brett chegou mais perto e me agarrou pelos braços, sacudindo-me e deixando-me assustada com seu surto de agressividade. Caso não houvesse mais gente ali, eu poderia ter entrado em pânico.
 “Você me deve uma explicação”, ele exigiu.
 “Não devo na...” Ele me beijou. Seus lábios eram macios e se encaixaram perfeitamente nos meus. Quando me dei conta do que estava acontecendo, Brett apertou meus braços com mais força, de um modo que me impedia de fugir ou de empurrá-lo. E, por um brevíssimo instante, não senti vontade de fazer nem uma coisa nem outra. Cheguei inclusive a retribuir o beijo, porque a atração entre nós ainda existia, e aquilo atenuava a sensação que persistia dentro de mim de que eu era apenas uma transa fácil e conveniente para ele. Seu gosto era de cravo, seu cheiro era de homem suado, e ele se apossou da minha boca com toda a paixão de uma alma criativa. Brett era familiar para mim em vários sentidos, incluindo os mais íntimos. Mas, no fim, não importava se ele ainda gostava de mim. Não importava que tivéssemos um histórico, por mais doloroso que fosse. Não importava que eu tivesse ficado emocionada com a música que ele compôs, ou que, depois deseis meses transando com ele em qualquer lugar que tivesse uma porta e depois cedendo a vez para outra garota qualquer, era o meu nome que ele gritava enquanto seduzia a mulherada no palco. Nada disso importava, porque eu estava loucamente apaixonada por Joseph Jonas, e era dele que precisava. Eu me afastei, sem fôlego... ... e vi Joseph se aproximar a toda velocidade, sem diminuir seu ímpeto ao bater em Brett e jogá-lo ao chão.
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TÃ TÃ TÃÃÃÃÃ OLHA A TRETA UIUIUIUIUIUIUI Demi beijou o Brett  ;D.... comentem e sigam o blog bjsss


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