Ele abaixou o volume da televisão. “Melhor agora que você ligou. Como foi a
primeira semana de trabalho?”
Fiz um relatório completo de segunda até sexta, deixando de fora apenas as partes
referentes a Joseph. “Adorei meu chefe, Mark”, concluí. “E o ambiente da agência é bem
animado, até meio maluco. Adoro levantar para ir trabalhar, fico até triste quando chega a hora de ir embora.”
“Tomara que continue assim. Mas você precisa saber a hora de relaxar também. Sair, fazer coisas de jovem, se divertir. Só não precisa se divertir demais.”
“Pois é, eu exagerei um pouco ontem à noite. Fui pra balada com Cary e acordei
com uma tremenda ressaca.”
“Porra, nem me fale uma coisa dessas”, ele resmungou. “Umas noites atrás acordei
suando frio, imaginando você em Nova York. Consegui me acalmar dizendo pra mim
mesmo que você é inteligente demais pra fazer bobagem, que tem dois pais com as regras básicas de segurança inscritas no DNA.”
“Isso é verdade”, concordei, dando risada. “Por falar nisso... vou começar a treinar
krav maga.”
“Sério mesmo?” Ele parou um pouco para pensar. “Lá na corporação tem um cara
que é craque nisso. Acho que vou experimentar também, assim podemos comparar nosso
progresso quando eu for visitar você.”
“Você vai vir a Nova York?” Não consegui esconder a empolgação. “Ah, pai, eu
adoraria se você viesse. Por mais que sinta falta do sul da Califórnia, Manhattan é o
máximo. Acho que você vai adorar.”
“Eu ia gostar de qualquer lugar do mundo em que você estivesse.” Meu pai esperou
um pouco antes de perguntar: “Como vai sua mãe?”.
“Bem... como sempre. Bonita, charmosa e obsessivo-compulsiva.”
Meu peito começou a doer, obrigando-me a massageá-lo. Parecia que meu pai ainda
era apaixonado por ela. Ele nunca se casou. Essa foi uma das razões por que nunca contei a ele o que aconteceu comigo. Como policial, faria questão de abrir inquérito, e o escândalo teria destruído minha mãe. Também imaginei que ele fosse perder o respeito por ela ou até mesmo culpá-la pelo que aconteceu, apesar de não ter sido culpa dela. Assim que descobriu o que o enteado dela vinha fazendo comigo, ela deixou o marido, com quem vivia muito bem, e pediu o divórcio.
Continuei falando e acenei para Cary quando ele entrou com uma sacola pequena da
Tiffany. “Passamos o dia no spa hoje. Foi uma boa forma de encerrar a semana.”
Notei que sua voz se tornou um pouco mais leve quando ele disse: “Fico feliz que
vocês estejam passando algum tempo juntas. Quais são seus planos para o restante do fim
de semana?”.
Evitei tocar no assunto do evento de caridade, pois sabia que essa história de tapete
vermelho e jantares a preços exorbitantes só ia enfatizar a diferença entre os estilos de vida dos meus pais. “Cary e eu vamos sair pra jantar, e amanhã quero ficar em casa. Dormir até tarde, passar o dia de pijama, talvez ver um filme e pedir alguma coisa pra comer. Vegetar um pouco antes de mais uma semana de trabalho.”
“Pra mim, parece o paraíso. Eu aviso quando for tirar folga de novo.”
Dei uma olhada no relógio e vi que já passava das seis. “Preciso ir me arrumar
agora. Tome cuidado no trabalho, hein? Eu também me preocupo com você.”
“Vou tomar. Tchau, filha.”
Aquela despedida tão familiar fez com que eu sentisse uma pontada de saudade que
fez minha garganta doer. “Ah, espera! Vou comprar outro celular. Mando o número novo
pra você assim que tiver.”
“De novo? Pensei que você tinha comprado um novo quando se mudou.”
“É uma longa e cansativa história.”
“Humm... Mas não fique sem celular. É uma coisa importante pra sua segurança,
não serve só pra jogar Angry Birds.”
“Eu já parei com esse jogo!” Caí na risada e senti um calor se espalhar pelo meu
corpo quando ouvi que ele também estava rindo. “Ligo de novo daqui a alguns dias.
Comporte-se.”
“Essa fala é minha.”
Desligamos. Fiquei alguns minutos curtindo o silêncio, sentindo que meu mundo
estava entrando nos eixos, uma sensação que nunca durava muito. Apeguei-me a esse
sentimento enquanto ele durou; depois Cary ligou o som no quarto, tocando Hinder, e isso
me pôs de novo em movimento.
Corri até o quarto para me preparar para uma noite com Joseph.
*
“Com colar ou sem colar?”, perguntei para Cary quando ele apareceu no meu
quarto, lindo de morrer. Com seu smoking novinho, ele parecia ao mesmo tempo um
cavalheiro e um aventureiro, e estava seguro de que atrairia muita atenção.
“Humm.” Cary inclinou a cabeça e analisou meu visual. “Me deixe ver de novo.”
Levantei a gargantilha de ouro até o pescoço. O vestido que minha mãe havia
mandado era de um vermelho bem vivo, e parecia ter sido desenhado para ser usado por
uma deusa grega. Era de ombro único, com um decote diagonal, justo até o quadril e com
uma abertura que começava no alto da coxa. Nas costas não havia nada além de um cordão de pedraria ligando um lado a outro para impedir que o vestido caísse. Em outras palavras, minhas costas estavam nuas desde a base da coluna, em um enorme decote V.
“Esqueça o colar”, ele disse. “Eu estava pensando em brincos de ouro com
pingentes, mas agora acho melhor argolas de diamantes. As maiores que você tiver.”
“Quê? Sério?” Enruguei a testa diante do nosso reflexo no espelho, atenta a seus
movimentos enquanto ele ia até o porta-joias e começava a procurar algo lá dentro.
“Estas aqui.” Ele levou os brincos até mim, as argolas de mais de cinco centímetros
que minha mãe me deu quando fiz dezoito anos. “Confie em mim, Demi. Experimente.”
Ele estava certo. Os brincos produziam um efeito bem diferente da gargantilha de
ouro — menos glamour e mais sensualidade. Além disso, combinavam com a tornozeleira
de diamantes da minha perna direita, que eu nunca mais veria da mesma forma depois do
comentário de Joseph. Com meus cabelos caindo sobre o rosto como uma cachoeira de
cachos grossos e deliberadamente caóticos, parecia que eu tinha acabado de transar, uma
impressão que só era reforçada pela maquiagem esfumaçada dos olhos e os lábios
brilhantes.
“O que seria de mim sem você, Cary Taylor?”
“Gata” — ele pôs a mão sobre meus ombros e apertou seu rosto contra o meu —
“isso você nunca vai saber.”
“Você está lindo, aliás.”
“Não estou?” Ele piscou para mim e deu um passo atrás, exibindo-se.
À sua maneira, Cary era um duro concorrente para Joseph... em termos de aparência, é claro. Cary tinha feições mais delicadas, quase femininas em comparação à beleza bruta de Joseph, mas ambos eram homens maravilhosos, que faziam você querer olhar duas vezes, e depois continuar olhando por puro deleite.
Cary não estava tão bem assim quando nos conhecemos. Estava muito magro e acabado por causa das drogas, seus olhos verdes pareciam opacos e perdidos. Mesmo assim
me senti atraída por ele, fiz de tudo para me sentar a seu lado na terapia de grupo. Depois de um tempo, Cary simplesmente perguntou, do nada, se eu queria ir para a cama com ele, acostumado como estava a só receber atenção das pessoas em troca de sexo. Foi quando recusei, de maneira firme e irrevogável, que nos tornamos grandes amigos. Ele era o irmão que nunca tive.
O interfone tocou e levantei em um pulo, o que me fez perceber como estava
nervosa. Olhei para Cary. “Esqueci de avisar na portaria que ele ia voltar.”
“Eu cuido disso.”
“Tudo bem pra você ir sozinho com Stanton e minha mãe?”
“Está brincando? Eles me adoram.” Seu sorriso se desfez. “Está arrependida de ter
aceitado ir com Jonas?”
Respirei fundo, lembrando-me de onde estava pouco tempo antes — deitada, tendo
orgasmos múltiplos. “Na verdade, não. É que as coisas estão acontecendo rápido demais e
indo bem melhor do que eu imaginava... ou previa... ou queria...”
“Você está procurando o lado ruim da coisa.” Ele chegou mais perto e mexeu na
ponta do meu nariz com um dos dedos. “Ele é o lado bom e o lado ruim da coisa, Demetria. E
você conseguiu domar o cara. Agora, divirta-se.”
“Estou tentando.” Fiquei agradecida por saber que Cary me entendia, sabia como
minha cabeça funcionava. Era muito bom poder conviver com ele, saber que podia contar
com sua compreensão mesmo quando não conseguia explicar o que estava sentindo.
“Fiz uma puta pesquisa sobre ele hoje de manhã e imprimi as coisas mais recentes e
interessantes. Está na sua mesa, se você quiser dar uma olhada.”
Lembrei que ele estava mesmo imprimindo algumas coisas antes de irmos ao spa.
Ficando na ponta dos pés, dei um beijo em sua bochecha. “Você é o máximo. Eu te amo.”
“Eu também, gata.” Ele saiu. “Vou até a portaria buscá-lo. Fique à vontade. Ele
chegou dez minutos adiantado.”
Com um sorriso no rosto, vi Cary sair para o corredor. A porta já havia se fechado
atrás dele quando cheguei ao pequeno escritório anexo ao meu quarto. Na escrivaninha nem um pouco prática que minha mãe havia escolhido para mim, encontrei uma pasta lotada de artigos e imagens impressas. Eu me recostei na cadeira e me deixei levar pela história de Joseph Jonas.
Quando descobri que ele era filho de Paul Jonas, ex-presidente de um fundo de
investimentos que mais tarde se revelou um enorme esquema de pirâmide, foi como se eu tivesse sido atropelada por um trem. Joseph tinha apenas cinco anos de idade quando seu pai se matou com um tiro na cabeça para não ser preso.
Ah, Joseph... Tentei imaginá-lo naquela idade, e pensei em um menininho bonito de
cabelos pretos e lindos olhos azuis carregados de perplexidade e tristeza. Essa imagem
partiu meu coração. O suicídio de seu pai — e as circunstâncias que o cercaram — deve ter sido devastador, tanto para ele como para sua mãe. Todo o desgaste e o sofrimento de um acontecimento trágico como esse devem ter sido um fardo terrível para uma criança
daquele tamanho.
Sua mãe se casou mais tarde com Christopher Vidal, um executivo do ramo da
música, e teve mais dois filhos, Christopher Vidal Jr. e Ireland Vidal, mas ao que parece
uma família completa e a segurança financeira chegaram tarde demais para ajudar a
estabilizar a mente de Joseph depois de um abalo tão grande. Ele se fechou para o mundo, o que era sinal de cicatrizes sentimentais profundas.
Com um olhar crítico e curioso, analisei as mulheres que foram fotografadas a seu
lado e logo pensei em sua opinião sobre namoro, vida social e sexo. O que vi foi
exatamente o que minha mãe havia dito — elas eram todas morenas. Sua companhia mais
frequente tinha todos os traços de ascendência hispânica. Era mais alta que eu, e seu corpo estava mais para esguio que para curvilíneo.
“Magdalene Perez”, murmurei, admitindo dolorosamente que ela era linda. Sua
postura ostentava o tipo de autoconfiança que eu tanto admirava.
“Muito bem, acho que já chega.” Cary me interrompeu com um leve tom de
contentamento. Ele ocupou a abertura da porta do meu pequeno escritório, encostado
insolentemente no batente da porta.
“Sério?” Eu estava tão entretida; não tinha noção do tempo que havia se passado.
“Acho que não vai demorar muito pra ele vir até aqui. Está todo impaciente.”
Fechei a pasta e fiquei de pé.
“Interessante, não?”
“Bastante.” Quanto o pai de Joseph — ou, mais especificamente, seu suicídio —
tinha interferido na vida dele?
Todas as respostas que eu queria estavam me esperando na sala ao lado.
Saí do quarto e caminhei pelo corredor até a sala. Parei um pouco na porta, com o
olhar vidrado nas costas de Joseph, que olhava a cidade pela janela. Minha pulsação
acelerou. Seu reflexo no vidro revelava uma expressão contemplativa. Seus olhos estavam perdidos, e ele tinha um sorriso nos lábios. Os braços cruzados revelavam certo
desconforto, como se ele estivesse fora de seu habitat natural. Parecia distante e distraído, um homem irremediavelmente solitário.
Ele sentiu minha presença, ou então meu desejo. Deu meia-volta, mas permaneceu
imóvel. Aproveitei a oportunidade para examiná-lo por inteiro, percorrendo todo o seu
corpo com os olhos. Ele tinha toda a aparência de um poderoso magnata. Era de uma beleza tão sensual que eu sentia meus olhos queimarem só de olhar para ele. A cascata de cabelos negros que se espalhava ao redor de seu rosto fez meus dedos se flexionarem de vontade de tocá-la. E o modo como ele me olhava... meu coração disparou.
“Demetria.” Ele veio até mim com seu andar gracioso e determinado. Pegou minha mão e levou até a boca. Seu olhar era intenso — intensamente ardoroso, intensamente
compenetrado.
O toque dos lábios contra minha pele fez um arrepio se espalhar por meu braço e
despertou lembranças daquela boca pecaminosa em outras partes do meu corpo. Fiquei
instantaneamente excitada: “Oi”.
Seus olhos brilharam de contentamento. “Oi. Você está linda. Mal posso esperar
para exibir você por aí.”
Soltei um suspiro de satisfação ao ouvir aquele elogio. “Espero que consiga fazer jus a você.”
Ele franziu levemente as sobrancelhas. “Já está pronta pra ir?”
Cary apareceu atrás de mim, trazendo meu xale de veludo preto e minhas luvas
longas. “Está tudo aqui. O gloss está na bolsa.”
“Você é o máximo, Cary.”
Ele piscou para mim — uma indicação de que havia visto as camisinhas que eu
guardara em um compartimento interno da bolsa. “Vou descer com vocês.”
Joseph pegou o xale das mãos de Cary e o deitou sobre meus ombros. Quando
começou a tirar os cabelos que haviam ficado sob ele, o toque de sua mão no meu pescoço me deixou tão distraída que mal notei que Cary estava me ajudando a colocar as luvas.
A descida de elevador até o saguão foi um exercício de sobrevivência a uma tensão
sexual aguda. Não que Cary tenha percebido. Ele estava à minha esquerda, assoviando com as mãos nos bolsos. Joseph, por outro lado, exercia uma tremenda força sobre mim do lado oposto. Apesar de ele não ter se mexido nem emitido nenhum som, eu era capaz de sentir a excitação que irradiava de seu corpo. Sentia na minha pele a atração magnética que havia entre nós e comecei a ofegar. Foi um alívio quando a porta abriu e nos libertou daquele espaço fechado.
Duas mulheres esperavam para subir. Ficaram de queixo caído quando viram
Joseph e Cary, o que me deixou contente e me fez sorrir.
“Senhoras”, Cary cumprimentou, com um sorriso que era quase uma covardia. Dava
para ver os neurônios delas entrando em parafuso.
Joseph, por sua vez, fez apenas um breve aceno e me conduziu para fora com a mão
na base da minha coluna, pele contra pele. Um contato que produziu eletricidade, fazendo meu corpo inteiro ser invadido por uma onda de calor.
Apertei a mão de Cary. “Reserve uma dança pra mim.”
“Sempre. Até daqui a pouco.”
Uma limusine estava esperando na esquina, e o motorista abriu a porta assim que eu
e Joseph saímos. Deslizei pelo banco para me sentar do outro lado e ajeitei o vestido.
Quando Joseph se acomodou a meu lado e a porta se fechou, pude perceber como ele
cheirava bem. Inspirei profundamente, dizendo a mim mesma para relaxar e desfrutar da
companhia. Ele pegou minha mão e começou a percorrê-la com os dedos, e esse simples
toque despertou em mim uma luxúria furiosa. Dispensei o xale — estava quente demais
para usá-lo.
“Demetria.” Ele acionou um botão e o vidro escuro atrás do motorista começou a subir.Um instante depois eu estava no colo dele,e sua boca estava grudada na minha,beijando-me furiosamente.
Fiz então o que estava com vontade de fazer desde que o vi em pé na minha sala:
enfiei as mãos entre seus cabelos e retribuí o beijo. Eu adorava o jeito como ele me beijava — como se fosse uma necessidade, como se ele fosse enlouquecer se não o fizesse, como se não aguentasse mais esperar. Chupei sua língua e percebi que ele gostava disso, e que eu gostava disso, o que me fez desejar chupá-lo em outro lugar com a mesma volúpia.
Quando suas mãos deslizaram sobre minhas costas nuas soltei um gemido, sentindo
as pontadas de sua ereção contra o quadril. Eu me ajeitei para montar sobre ele, tirando o vestido do caminho e agradecendo mentalmente à minha mãe por ter escolhido uma roupa com uma abertura tão conveniente. Com os joelhos apoiados dos dois lados de seus
quadris, lancei minhas mãos sobre seus ombros e tornei o beijo ainda mais profundo.
Lambi sua boca, mordi de leve seu lábio inferior, acariciei sua língua com a minha...
Joseph me agarrou pela cintura e me tirou dali. Ele se inclinou para trás no acento,
com o pescoço curvado para ver bem meu rosto e meu peito ofegante. “O que você está
fazendo comigo?”
Percorri seu peito com a mão, dentro da camisa, sentindo a rigidez implacável de
sua massa corporal. Meus dedos acompanharam o contorno dos músculos de seu abdome,
formulando na minha mente a imagem dele sem roupa. “Estou tocando você. Me
aproveitando de você. Eu quero você, Joseph.”
Ele agarrou meus pulsos, detendo meus movimentos. “Mais tarde. Estamos no meio
da rua.”
“Não dá pra ver a gente.”
“Não importa. Não é hora nem lugar de começar uma coisa que só vamos poder
terminar daqui a várias horas. Já estou enlouquecendo com o que aconteceu hoje à tarde.”
“Então vamos acabar logo com isso.”
Seu aperto se intensificou, tornando-se doloroso. “Não podemos fazer isso aqui.”
“Por que não?” Foi quando um pensamento surpreendente me ocorreu. “Você nunca
transou numa limusine?”
“Não.” Ele cerrou os dentes. “Você já?”
Olhei para o outro lado sem responder, e vi a massa de carros e pedestres em torno
de nós. Estávamos a poucos centímetros de centenas de pessoas, mas o vidro escuro nos
escondia de seus olhares, o que atiçava minha ousadia. Eu queria dar prazer a ele. Queria
saber se era capaz de me aproximar de Joseph Jonas, e não havia nada impedindo isso
além dele.
Avancei com os quadris para cima dele, esfregando-me em toda a extensão de seu
pau duro. Sua respiração sibilava por entre os dentes cerrados.
“Preciso de você, Joseph”, sussurrei quase sem fôlego, inalando seu perfume, que
parecia ainda melhor com minha excitação. Fiquei levemente intoxicada só de sentir o
cheiro de sua pele. “Você me deixa louca.”
Joseph soltou meus pulsos e agarrou meu rosto, apertando firmemente os lábios
contra os meus. Com uma das mãos, procurei a braguilha da sua calça, abrindo os dois
botões que escondiam o zíper. Ele enrijeceu.
“Eu preciso disso”, murmurei bem perto da boca dele. “Deixa, vai.”
Ele não relaxou, mas também não tentou mais me deter. Quando eu o peguei nas
mãos, ele gemeu, um ruído de dor e prazer. Eu o apertei de levinho, usando um toque
deliberadamente suave enquanto o media com as mãos. Estava duro como pedra, e quente. Deslizei minhas duas mãos fechadas em torno dele, da base até a ponta, perdendo o fôlego e me estremecendo toda ao fazê-lo.
Joseph agarrou meus quadris e suas mãos ultrapassaram os limites do meu vestido
até que seus polegares encontrassem a renda vermelha da minha calcinha fio-dental. “Sua
bocetinha é tão doce”, ele murmurou com a boca colada à minha. “Quero abrir suas pernas e te lamber até você implorar pelo meu pau.”
“Eu imploro agora mesmo, se você quiser.” Eu o masturbava com uma das mãos, enquanto com a outra tentava abrir minha bolsa para pegar uma camisinha.
Um de seus polegares deslizou para dentro da minha calcinha, sentindo a
intensidade do meu desejo úmido. “Mal toquei em você”, ele sussurrou com os olhos
brilhando sobre mim na escuridão daquele banco traseiro, “e você já está prontinha pra
mim.”
“Não dá pra evitar.”
“Não é pra evitar.” Ele enfiou o polegar em mim, mordendo o lábio interior
enquanto eu me contorcia ao seu toque. “Não seria justo, já que não posso obrigar você a
parar o que está fazendo.”
Abri a embalagem do preservativo com os dentes e entreguei a ele com a camisinha
já quase fora do invólucro. “Não sei pôr essas coisas.”
Ele envolveu minhas mãos com a dele. “Estou quebrando todas as minhas regras
com você.”
A seriedade de seu tom de voz grave fez com que eu me sentisse inundada por uma
onda de calor e confiança. “Regras foram feitas para serem quebradas.”
Vi seus dentes brancos brilharem; ele acionou um botão do painel atrás de si e
ordenou: “Continue dirigindo até eu mandar parar”
Senti minhas bochechas ficarem vermelhas. A luz dos faróis do carro de trás
atravessou o vidro escuro e bateu no meu rosto, traindo meu embaraço.
“Ora essa, Demetria”, ele falou baixinho enquanto desenrolava com habilidade o
preservativo. “Você me faz querer transar na limusine, mas sente vergonha quando digo ao motorista que não quero ser interrompido?”
Sua demonstração de bom humor fez com que eu o quisesse ainda mais. Apoiando
as mãos nos seus ombros para me equilibrar, apoiei-me em um dos joelhos para chegar à
altura necessária para me posicionar acima de seu pau grosso e duro. Suas mãos agarraram
meus quadris, e eu ouvi um som de estalo quando ele rasgou minha calcinha. O ruído
abrupto e a violência daquele gesto transformaram meu desejo em algo quase febril.
“Vá devagar”, ele ordenou com a voz rouca, erguendo os quadris para poder abaixar
mais a calça.
Senti sua ereção entre minhas coxas enquanto ele se mexia e soltei um gemido. Eu
sentia uma espécie de vazio dentro de mim, como se os orgasmos que havia tido à tarde só tivessem aumentado meu desejo, em vez de aplacado.
Ele se enrijeceu quando eu o tomei com os dedos e o posicionei, ajustando seu
membro grosso à minha abertura sedenta. O cheiro de tesão carregava o ar de umidade,
uma mistura sedutora de feromônios que despertou todas as células do meu corpo. Minha
pele estava vermelha e alerta, e meus seios, inchados e sensíveis.
Era isso que eu queria desde a primeira vez em que o vi — possuí-lo, montar sobre
seu corpo magnífico e senti-lo profundamente dentro de mim.
“Minha nossa, Demetria”, ele perdeu o fôlego enquanto eu me abaixava sobre seu corpo,
sentindo suas mãos apertando incansavelmente minhas coxas.
Fechei os olhos. Senti que estava me expondo mais do que deveria. Eu queria ter
intimidade com ele, mas aquilo parecia demais. Estávamos nos encarando, a poucos
centímetros de distância, encapsulados em um pequeno espaço com o restante do mundo
pulsando ao nosso redor. Eu era capaz de sentir sua euforia, sabia que ele estava tão fora de si quanto eu.
“Você é tão apertadinha.” Suas palavras saíram abafadas, com um toque delicioso
de agonia.
Fui um pouco além, deixando que ele penetrasse mais fundo. Inspirei uma grande
lufada de ar, sentindo-me deliciosamente alargada.
Com a palma da mão aberta sobre meu ventre, ele tocou meu clitóris pulsante com o
dedão e começou a massageá-lo com movimentos circulares lentos e precisos. Senti meu
corpo se enrijecer e se contorcer, trazendo-o ainda mais para dentro de mim. Ao tentar abrir os olhos, eu o vi através de minhas pálpebras semicerradas. Ele estava lindíssimo, estendido sob mim com um smoking elegante, exalando um desejo animal de acasalar através de seu corpo poderoso.
Ele arqueou o pescoço, pressionando o encosto do assento com a cabeça enquanto
lutávamos para atravessar barreiras invisíveis. “Nossa”, ele soltou através dos dentes. “Vou gozar muito.”
Aquela promessa me excitou ainda mais. O suor brotava da minha pele. Eu estava
tão molhada que deslizei por toda a extensão do pau dele até envolvê-lo quase
completamente. Deixei escapar um grito abafado quando ele entrou em mim. A penetração era tão profunda que eu mal conseguia suportar, forçando-me a ir um pouco para o lado, tentando amenizar aquele inesperado toque de desconforto. Meu corpo, porém, não parecia se importar com seu tamanho avantajado. Estava estremecendo em torno dele, apertando-o, estremecendo à beira do orgasmo.
Joseph soltou um palavrão e agarrou meu quadril com sua mão livre, obrigando-me
a me inclinar sobre seu peito, que pulsava com uma respiração trôpega. Essa mudança de
posição fez com que eu me abrisse, aceitando-o por inteiro dentro de mim. Imediatamente, a temperatura do seu corpo subiu — eu sentia seu tórax irradiando ondas de calor através das roupas. Gotas de suor surgiram sobre seus lábios.
Inclinando-me para a frente, passei a língua por toda a sua extensão, capturando
aquele líquido salgado com um leve murmúrio de prazer. Ele contorceu a boca de maneira
impaciente. Eu me levantei com cuidado, deslizando um pouco para cima antes que ele
detivesse o movimento agarrando meu quadril com ferocidade.
“Devagar”, ele me avisou novamente, com um leve tom autoritário que fez com que
uma onda de luxúria se espalhasse pelo meu corpo.
Deixei que meu corpo caísse, recebendo-o de novo dentro de mim, sentindo uma
dor estranhamente gostosa quando ele foi um pouco além dos meus limites. Nossos olhos
se encontraram, e o prazer se espalhou pelo ar quando nos identificamos com o que
estávamos fazendo. Foi quando me dei conta de que estávamos completamente vestidos, a não ser pelas partes mais íntimas dos nossos corpos. Tudo aquilo me parecia muito natural, assim como os ruídos que ele fazia, mostrando que, como eu, estava sentindo um prazer extremo.
Sedenta por Joseph, grudei minha boca à dele, agarrando com os dedos as raízes de
seus cabelos úmidos de suor. Eu o beijava e remexia os quadris, cavalgando no ritmo dos
movimentos circulares enlouquecedores de seu polegar, sentindo o orgasmo que se
construía ao redor de seu membro longo e grosso no meu ventre em ebulição.
Deixei que minha consciência fosse absorvida pelo instinto primitivo e permiti que
meu corpo assumisse o controle por completo. Não conseguia pensar em mais nada além do desejo de foder, uma necessidade feroz de cavalgar em cima do pau dele até que toda aquela tensão se desfizesse em uma explosão que enfim me libertaria daquele desejo escravizador.
“Como isso é bom”, suspirei, entregue a ele. “Está sentindo? Ah, como é bom.”
Usando ambas as mãos, Joseph comandava meu ritmo, curvando-me em um ângulo
que fazia com que a cabeça do seu pau se esfregasse no ponto mais sensível que havia
dentro de mim. Meu corpo se endureceu e eu comecei a tremer, sentindo que estava prestes a gozar só de sentir suas estocadas precisas dentro de mim. “Joseph.”
Ele agarrou minha nuca quando o orgasmo explodiu dentro de mim, lançando espasmos de êxtase que se irradiaram pelo meu corpo, fazendo-me estremecer. Joseph observou enquanto eu desmoronava diante dele, mantendo meus olhos abertos apesar do meu desejo de fechá-los. Dominada pelo seu olhar, eu gemia e gozava como nunca,
sentindo meu corpo se contorcer a cada pulsação de prazer.
“Caralho, caralho, caralho”, ele urrava, batendo seus quadris nos meus, puxando
meu corpo para baixo a fim de fazê-lo ir de encontro a suas estocadas punitivas. Ele chegou até o ponto mais profundo do meu corpo. Sentia que ele estava cada vez mais duro e grosso.
Eu olhava para ele com avidez, sentindo a necessidade de vê-lo quando ele perdesse
as estribeiras comigo. Seus olhos estavam arregalados de vontade, e seu belo rosto,
contorcido pela brutal corrida em direção ao clímax.
“Demetria!” Ele gozou emitindo um som de êxtase selvagem, uma liberação súbita de
energia que me deixou fascinada por sua ferocidade. Ele tremeu ao sentir o orgasmo
percorrer seu corpo, aliviando a expressão do rosto por um instante e demonstrando uma
inesperada vulnerabilidade.
Envolvi seu rosto com as mãos e juntei meus lábios aos dele, tentando confortá-lo
enquanto sua respiração agitada fazia inchar minhas bochechas.
“Demetria.” Ele me envolveu com os braços e me apertou contra ele, pressionando seu
rosto úmido contra meu pescoço.
Eu sabia como ele se sentia. Entregue. Sem defesas.
Ficamos assim por um bom tempo, abraçados, absorvendo os tremores pós-orgasmo.Ele virou a cabeça e me beijou suavemente, aplacando meus sentimentos
exaltados com o carinho de sua língua na minha boca.
“Nossa.” Respirei fundo, abalada.
Seus lábios se curvaram para cima. “Pois é.”
Eu sorri, sentindo-me tonta e feliz.
Joseph afastou os fios de cabelos úmidos de suor das minhas têmporas, percorrendo
meu rosto com os dedos de maneira quase reverente. O modo como ele me olhava fez meu peito doer. Ele estava lindo e parecia... agradecido, com os olhos repletos de ternura. “Não quero estragar o momento.”
Senti que ele estava jogando alguma coisa no ar e tentei capturar. “Mas...?”
“Mas não posso perder o jantar. Tenho um discurso a fazer.”
“Ah.” O momento estava de fato arruinado.
Eu me levantei lentamente de cima dele, mordendo os lábios ao sentir que Joseph
escapava, úmido e escorregadio, de dentro de mim. O atrito foi suficiente para me fazer
querer mais. Ele mal havia começado a amolecer.
“Droga”, Joseph disse de repente. “Quero você de novo.”
Ele me agarrou antes que eu saísse de cima dele, puxando um lenço sabe-se lá de
onde e passando-o gentilmente entre minhas pernas. Foi um gesto profundamente íntimo,
assim como o sexo que havíamos acabado de fazer.
Depois de seca, sentei-me no assento a seu lado e procurei o gloss dentro da bolsa.
Por cima do pequeno espelho da caixinha de maquiagem, vi quando Joseph tirou a
camisinha e deu um nó. Ele a embrulhou em um guardanapo de papel e a dispensou em
uma lixeira engenhosamente escondida. Quando recompôs sua aparência, ele ordenou ao
motorista que retomasse a rota, recostou-se no assento e deixou seu olhar se perder fora da janela.
A cada segundo que passava eu o sentia mais distante; a identificação entre nós se
perdia a cada momento. Vi-me encolhida no canto do assento, longe dele, como se
estivesse materializando a distância que havia entre nós. Todo o calor que eu havia recebido se transformou em uma evidente frieza, que me obrigou a procurar abrigo sob meu xale. Ele não moveu um músculo quando me afastei e guardei a maquiagem — era como se eu nem estivesse ali.
Em um movimento abrupto, Joseph abriu o compartimento de bebidas e puxou uma
garrafa. Sem ao menos olhar para mim, ele perguntou: “Conhaque?”.
“Não, obrigada.” Minha voz saiu em um fio trêmulo, mas ele não pareceu notar. Ou
então não deu nem bola. Serviu uma dose em um copo e virou-se completamente.
Confusa e magoada, vesti as luvas e tentei imaginar o que havia feito tudo ir por
água abaixo.
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