domingo, 15 de junho de 2014

Capítulo 20

 Joseph me pegou no chuveiro na manhã seguinte. Ele entrou na banheira gloriosamente nu, com a elegância confiante que admirei desde o início. Observando seus músculos se flexionarem enquanto se movia, nem disfarcei ao olhar o magnífico pacote que 
havia entre suas pernas. 
 Apesar da água quente, meus mamilos ficaram duros e eu senti arrepios pelo corpo 
todo. 
 O sorriso que ele abriu quando se juntou a mim mostrava que sabia exatamente o 
efeito que provocava. Eu me vinguei passando as mãos ensaboadas por todo o seu corpo 
divino, depois me sentei no banquinho e o chupei com tanto entusiasmo que ele precisou se equilibrar se apoiando com as duas mãos na parede. 
 As instruções que ele ditou para mim com a voz rouca e grave ecoaram na minha 
mente enquanto eu me vestia para o trabalho — o que fiz sem perder tempo, antes que ele tivesse a chance de me foder todinha, como havia ameaçado fazer pouco antes de gozar com força na minha garganta. 
 Naquela noite não houve pesadelos. O sexo parecia ser um sedativo eficiente, para a 
minha satisfação. 
 “Espero que você não esteja pensando que escapou”, Joseph disse quando veio atrás de mim na cozinha. Imaculadamente vestido com seu terno preto de risca de giz, ele aceitou a xícara de café que ofereci enquanto me lançava um olhar que era uma promessa de todos os tipos de perversões. Vendo-o em seus trajes impecavelmente civilizados, pensei 
no homem insaciável que se enfiou na minha cama na noite anterior. Meu coração acelerou. Eu estava dolorida, meus músculos ainda se contraíam diante da recordação do prazer, e mesmo assim queria mais. 
 “Continue olhando assim pra mim”, ele ameaçou, inclinando-se casualmente sobre 
o balcão e bebendo café. “Veja o que acontece.” 
 “Vou perder meu emprego por sua causa.” 
 “Eu arrumo outro para você.” 
 Soltei uma risadinha. “De quê? Escrava sexual?” 
 “Boa sugestão. Podemos conversar a respeito.” 
“Muito cruel, você”, murmurei enquanto enxaguava minha caneca na pia e punha na lava-louças. “Está pronto? Pro trabalho?” 
 Ele terminou o café, e eu estendi a mão para pegar a caneca, mas ele passou por 
mim e a enxaguou ele mesmo. Outra demonstração de mortalidade que demonstrava como ele era acessível e não um ser divino, uma fantasia à qual não tive muito tempo para me apegar. 
 Joseph me encarou. “Quero levar você pra jantar hoje à noite, e depois pra minha 
casa, pra minha cama.” 
 “Não quero que você enjoe logo de mim, Joseph.” Ele era um homem acostumado 
a ficar sozinho, alguém que não entrava num relacionamento de verdade fazia muito tempo, se é que algum dia tivera um. Quanto tempo demoraria até seus instintos falarem mais alto? 
Além disso, precisávamos evitar aparecer em público juntos... 
 “Não arrume desculpas.” Ele fechou a cara. “Não é você quem vai dizer se sou ou 
não capaz de manter esta relação.” 
 Fiquei chateada por tê-lo ofendido. Ele estava se esforçando, e eu precisava 
incentivar seu comportamento, não criticar. “Não foi isso que eu quis dizer. Eu só não 
quero sufocar você. Além disso, precisamos...” 

 “Demetria.” Ele suspirou. Aquela tensão toda o estava deixando exasperado.“Você precisa confiar em mim. Eu confiei em você. Se não tivesse feito isso, não estaríamos aqui agora.” 
 Concordei com a cabeça, engolindo em seco. “Então está combinado, jantar fora e 
depois vamos pra sua casa. Sinceramente, mal posso esperar.” 
  O discurso de Joseph sobre confiança ficou na minha cabeça a manhã toda, o que se 
mostrou uma coisa boa quando mais um alerta do Google apareceu na minha caixa de 
entrada. 
 Havia mais de uma foto dessa vez. Todos os artigos e posts de blogs continham 
diversas imagens de mim e de Cary trocando abraços de despedida ao sair do restaurante 
onde almoçamos no dia anterior. As legendas eram especulações sobre a natureza da nossa 
relação, e algumas incluíam a informação de que vivíamos juntos. Outras sugeriam que eu 
estava enrolando o “playboy bilionário Jonas” enquanto mantinha um relacionamento 
paralelo com meu namorado modelo. 
 A razão para tudo aquilo ficou clara quando vi uma fotografia de Joseph entre as 
minhas com Cary. Havia sido tirada na noite anterior, enquanto eu estava em casa com 
Cary e Trey — quando ele deveria estar num jantar de negócios, conforme havia me dito. 
Na imagem, Joseph e Magdalene Perez sorriam intimamente um para o outro, de braços 
dados na frente de um restaurante. As legendas variavam de exaltações à “coleção de belas socialites” de Joseph a especulações de que ele estava afogando as mágoas causadas pela minha infidelidade. Você precisa confiar em mim. 
 Fechei o e-mail com a respiração e a pulsação fora de controle. A confusão e o ciúme provocavam um turbilhão dentro de mim. Sabia que ele não seria capaz de manter uma relação íntima com outra mulher, sabia que gostava de mim. Mas eu odiava Magdalene com tamanho ardor — algo que ela mesma havia provocado com aquela nossa conversinha no banheiro — que não conseguia suportar a ideia de vê-la com Joseph. Não suportava vê-lo sorrir para ela com tanto carinho, especialmente depois da maneira como ela me tratou. 
 Mas no fim deixei tudo de lado. Abandonei temporariamente esses pensamentos e me concentrei no trabalho. Mark teria uma reunião com Joseph no dia seguinte sobre a 
solicitação de proposta da campanha da Kingsman, e eu estava coordenando o fluxo de 
informações entre ele e os demais departamentos envolvidos. 
 “Ei, Demi.” Mark esticou a cabeça para fora da sala dele. “Steve e eu vamos almoçar 
no Bryant Park Grill, e ele me pediu pra convidar você.” 
 “Eu adoraria.” Meus horizontes para aquela tarde se abriram com a possibilidade de 
almoçar em um dos meus restaurantes favoritos com dois caras sensacionais. Seria bom 
para desviar meu pensamento da conversa que em breve eu teria com Joseph sobre meu 
passado. 
 Minha privacidade claramente havia ido para o espaço. Eu teria que tomar coragem 
e conversar com ele antes de sairmos para jantar. Antes que Joseph voltasse a ser visto 
comigo em público. Ele precisava saber do risco que corria ao associar sua imagem à 
minha. 
 Quando recebi uma correspondência interna pouco tempo depois, imaginei que fosse um modelo de anúncio para a Kingsman, mas na verdade era um bilhete dele.


HORA DO ALMOÇO. MEU ESCRITÓRIO. 

“Sério mesmo?”, murmurei, irritada pela secura da mensagem. Sem falar no tom 
imperativo. E como esquecer o fato de ele não ter mencionado que tinha se encontrado com Magdalene no jantar? 
 Será que Joseph a tinha convidado para acompanhá-lo no meu lugar? Era para isso que ela servia, afinal de contas. Era a mulher que com quem ele comparecia aos eventos que iam além de seu quarto de hotel. 
 No verso do cartão em que Joseph mandou o bilhete, escrevi uma mensagem 
igualmente curta e sem assinatura. 
 
 Desculpe. Outros planos. 

Uma resposta antipática, mas ele mereceu. Faltando quinze para o meio-dia, Mark e 
eu descemos. Quando o segurança me barrou e ligou para Joseph avisando que eu estava 
no saguão, minha irritação virou revolta. 
 “Vamos embora”, eu disse para Mark, atravessando a porta giratória, ignorando os 
apelos do segurança para que eu esperasse. Eu me senti mal por envolver meu chefe 
naquela situação. 
 Vi Angus e o Bentley estacionados no meio-fio, e nesse exato momento a voz de 
Joseph proferiu meu nome como uma chicotada nas minhas costas. Eu me virei para ele e 
vi sua expressão gelada e impassível. 
 “Vou almoçar com meu chefe”, eu disse, segurando o choro. 
 “Aonde vocês vão, Garrity?”, Joseph perguntou sem tirar os olhos de mim. 
 “Ao Bryant Park Grill.” 
 “Eu levo Demetria até lá.” Dito isso, ele me pegou pelo braço e me conduziu com firmeza até a porta traseira do Bentley, que Angus já tinha aberto para mim. Joseph entrou logo depois, forçando-me a deslizar pelo assento. A porta se fechou e o carro arrancou. 
 Ajeitei meu vestido preto de volta para o lugar. “O que você está fazendo? Além de 
me envergonhar na frente do meu chefe!” 
 Ele jogou o braço por cima do assento e se inclinou até mim. “Cary está apaixonado 
por você?” 
 “Quê? Não!” 
 “Você já trepou com ele?” 
 “Você enlouqueceu?” Abismada, arrisquei olhar para Angus e notei que ele estava 
tentando não ouvir. “Olha só quem fala, o playboy bilionário com uma coleção de belas 
socialites.” 
 “Então você viu as fotos.” 
 Eu estava bufando de raiva. Como ele tinha coragem de dizer aquilo? Virei a cabeça 
para o outro lado, tentando me livrar dele e de suas acusações idiotas. “Cary é como um 
irmão pra mim. Você sabe disso.” 
 “Sim, mas você pra ele é o quê? Aquelas fotos são bem claras, Demetria. Sei reconhecer 
o amor quando o vejo.” 
 Angus diminuiu a marcha para que os pedestres atravessassem a rua. Abri a porta e olhei para Joseph por cima do ombro, permitindo que ele me encarasse. “Isso você claramente não sabe.” 
Bati a porta com força e saí andando sem pensar duas vezes, sabendo que tinha todo 
o direito de estar revoltada. Eu havia feito um esforço hercúleo para dominar meu ciúme e o que ganhava em troca? Um Joseph furioso e totalmente irracional.
 “Demetria. Pare agora.” 
Fiz um gesto ofensivo para ele por cima do ombro e subi correndo os degraus do Bryant Park, um oásis luxuosamente verde e tranquilo bem no meio da cidade.Cruzar aquela entrada era como ser transportada para outro mundo. Escondido entre os arranha-céus ao redor, o parque ficava no jardim dos fundos de uma belíssima biblioteca antiga. Um lugar onde o tempo corria mais devagar, onde as crianças sorriam com o prazer inocente de 
andar no carrossel, e os livros eram valorizados como bons companheiros. 
 Infelizmente para mim, um ogro maravilhoso do mundo real havia me seguido até 
lá. Joseph me agarrou pelo punho. 
 “Não corra”, ele sussurrou na minha orelha. 
 “Você está dando uma de maluco.” 
 “Deve ser porque você está me deixando louco.” Seus braços se contraíram como 
garras de aço. “Você é minha. Diga que Cary sabe disso.” 
 “Sabe. Da mesma forma como Magdalene sabe que você é meu.” Queria que ele 
estivesse ao alcance da minha boca, para poder mordê-lo. “Você está dando vexame.” 
 “Poderíamos ter feito isso no escritório se você não fosse tão teimosa.” 
 “Eu já tinha compromisso. Que você está arruinando, aliás.” Minha voz sucumbiu 
ao choro, e as lágrimas rolaram só de pensar na quantidade de pessoas que deveriam estar 
vendo aquela cena. Eu seria demitida por não saber me comportar em público. “Você 
estragou tudo.” 
 Joseph me soltou por um instante, forçando-me a olhar para ele. Suas mãos nos meus ombros eram um sinal de que eu ainda não estava livre. 
 “Minha nossa.” Ele me puxou para perto dele, e meus lábios roçaram seus cabelos. 
“Não chore. Desculpe.” 
 Dei um soco no peito dele, um golpe tão eficiente como tentar derrubar uma parede 
de concreto a tapa. “Qual é o seu problema? Você pode sair com uma piranha arrogante que me chama de vagabunda e acha que ainda vai ser sua mulher, mas não posso almoçar com um amigo que sempre fez tudo por mim?” 
 “Demetria.” Ele agarrou minha nuca com uma das mãos e apertou seu rosto contra o 
meu. “Por acaso Maggie estava no mesmo restaurante em que estava ocorrendo o tal jantar de negócios.”
“Não me interessa. E você ainda vem falar sobre o olhar no rosto dos outros. O jeito 
como você olha pra ela... Como você pode fazer isso depois de tudo o que ela disse pra 
mim?” 
 “Meu anjo...” Os lábios dele beijavam ardentemente todo o meu rosto. “Aquele 
olhar era pra você. Maggie foi conversar comigo lá fora e eu disse que estava indo pra sua 
casa. Não consigo evitar esse olhar no meu rosto quando penso em nós dois.” 
 “E você quer que eu acredite que ela abriu um sorrisão ao ouvir isso?” 
 “Ela me pediu para mandar um oi, mas eu achei que isso não pegaria muito bem, e 
não queria de jeito nenhum estragar nossa noite por causa dela.” 
 Abracei a cintura dele por baixo do paletó. “Precisamos conversar. Hoje à noite, 
Joseph. Preciso contar algumas coisas pra você. Se um repórter souber onde procurar e der um pouco de sorte... Nossa relação tem que ficar restrita a nós dois, ou então terminar. Seja como for, vai ser melhor pra você.” 
 Joseph envolveu meu rosto com as mãos e apertou sua testa contra a minha. “Não 
vai ser uma coisa nem outra. Vamos dar um jeito de contornar isso, seja o que for.” 
 Fiquei na ponta dos pés e encontrei sua boca. Nossas línguas se encontraram e se acariciaram em um beijo apaixonado. Eu estava consciente, até certo ponto, da multidão ao nosso redor, do rumor das diversas conversas, do ruído constante do trânsito ininterrupto, mas, nos braços de Joseph, sob sua proteção, nada disso importava. Ele era ao mesmo tempo um tormento e um prazer, um homem cujas mudanças de humor só rivalizavam com as minhas. 
 “Pronto”, ele sussurrou, acariciando meu rosto com os dedos. “Vamos deixar esta 
imagem se espalhar pela internet.” 
 “Você não está levando a sério o que eu digo, seu teimoso. Preciso ir.” 
 “Vamos pra casa juntos depois do trabalho.” Ele se afastou, segurando a minha mão 
até a distância enfim separar nossos dedos. 
 Quando me virei para o restaurante com paredes cobertas por trepadeiras, vi Mark e 
Steven esperando por mim logo na entrada. Eles formavam um casal curioso — Mark de 
terno e gravata, Steven de jeans surrado e botas de operário. 
 Steven estava com as mãos nos bolsos e um enorme sorriso em seu lindo rosto. 
“Acho que eu deveria aplaudir. Foi mais legal que ver uma comédia romântica.” 
 Fiquei vermelha de vergonha e me encolhi toda. 
 Mark abriu a porta e fez sinal para que eu entrasse. “Acho que você pode esquecer o 
que falei sobre Jonas ser um cafajeste.” 
 “Obrigada por não me demitir”, eu disse em tom de brincadeira antes que a hostess 
aparecesse para confirmar nossa reserva. “Ou pelo menos por não me demitir de barriga 
vazia.” 
 Steven deu tapinha no meu ombro. “Mark não pode se dar ao luxo de perder você.” 
 Meu chefe puxou uma cadeira para mim e sorriu. “De que outra forma eu e Steve 
receberíamos notícias sobre sua vida amorosa? Ele é viciado em novelas. Fanático por 
histórias de amor.” 
 Dei risada. “Você está brincando!” 
 Steven passou a mão pelo queixo e sorriu. “Nunca vou admitir nem uma coisa nem 
outra. Um homem tem direito a seus segredos.” 
 Apesar de ter achado graça naquilo, eu sabia que também tinha minhas verdades 
ocultas. E que estava chegando a hora de elas virem à tona. 
 Quando chegaram as cinco horas, ainda não me sentia pronta para revelar meus segredos. Estava tensa e séria quando Joseph e eu entramos no Bentley, e minha inquietação só aumentou quando percebi que ele estava observando atentamente a expressão do meu rosto. Ele pegou minha mão e a beijou, e eu senti vontade de chorar. Ainda estava me recuperando da nossa discussão, e aquela na verdade era a menor das nossas preocupações.  Não conversamos até chegar ao apartamento. 
 Quando entramos em sua casa, ele me guiou pela linda e luxuosa sala até o corredor 
que levava a seu quarto. Sobre a cama, havia um lindo vestido da cor dos olhos de Joseph e um robe de seda longo. 
 “Tirei um tempinho pra fazer umas compras antes do jantar de ontem”, ele explicou. 
Minha apreensão deu uma leve trégua, amenizada por aquela demonstração de 
gentileza. “Obrigada.” 
 Ele deixou minha bolsa em uma cadeira perto da cômoda. “Queria que você ficasse 
à vontade. Pode usar o robe ou alguma roupa minha. Vou abrir uma garrafa de vinho e já 
volto. Quando quiser, podemos conversar.” 
 “Eu queria tomar um banho rápido antes.” Desejei que fosse possível separar o que 
aconteceu no parque do que eu tinha para contar, de modo que uma coisa não se misturasse 
com a outra, mas não havia escolha. Cada dia que passasse seria uma nova oportunidade de 
Gideon descobrir através de outra pessoa algo que precisava ser dito por mim. 
 “Como quiser, meu anjo. Sinta-se em casa.” 
 Quando desci dos saltos e fui para o banheiro, senti o peso de sua preocupação, mas 
minhas revelações teriam que esperar até eu conseguir me recompor. Em uma tentativa de 
retomar o controle, passei um bom tempo no chuveiro. Infelizmente, aquilo só me fez 
lembrar do banho que tomamos juntos naquela manhã. Teria sido o primeiro e último da 
nossa vida de casal? 
 Quando senti que estava pronta, encontrei Gideon sentado no sofá da sala. Estava 
com uma calça de pijama de seda preta, bem folgada e baixa nos quadris. E nada mais. 
Uma pequena chama crepitava na lareira e havia uma garrafa de vinho branco mergulhada 
num balde de gelo em cima da mesa de centro. A luz dourada das velas ao redor era a única fonte de iluminação além da lareira. 
 “Com licença”, eu disse, parada na entrada do cômodo. “Estou procurando por 
Joseph Jonas, o homem que não tem o romance no seu repertório.” 
 Ele sorriu, um tanto envergonhado, um sorriso de menino que contrastava com a sexualidade madura do seu corpo seminu. “Não vejo isso como romance. Estou só tentando agradar. Simplesmente penso em uma coisa e torço para dar certo.” 
 “O que me agrada é você.” Fui até ele com o robe de seda flutuando em torno das 
minhas pernas. Adorei ver que ele tinha vestido uma roupa que combinava com aquela que havia comprado para mim. 
 “É o que eu quero”, ele disse num tom bem sério. “Estou tentando.” 
 Parei na frente dele e admirei a beleza do seu rosto e a maneira sexy como as pontas 
dos seus cabelos acariciavam a parte superior dos seus ombros. Percorri seus bíceps com as palmas das mãos, apertando suavemente sua musculatura rígida antes de colocar meu rosto contra seu peito. 
 “Ei”, ele murmurou, envolvendo-me em seus braços. “Isso é porque fui um babaca na hora do almoço? Ou por causa daquilo que você quer me contar? Fale comigo, Demetria, pra que eu possa dizer que vai ficar tudo bem.” 
 Esfreguei o nariz no peitoral dele, sentindo seus pelos roçarem no meu rosto, sua respiração e o cheiro familiar e reconfortante de sua pele. “Acho melhor você sentar. Tenho umas coisas sobre mim pra contar. Coisas pesadas.” 
 Um tanto relutante, Joseph me soltou quando me afastei dele. Aninhei-me no sofá, 
sentando sobre os calcanhares, e ele serviu duas taças de vinho antes de sentar. Inclinado na minha direção, ele apoiou um dos braços sobre o encosto do sofá e segurou a taça com a outra mão, concedendo a mim toda a sua atenção. 
 “Muito bem. Lá vai.” Respirei fundo antes de começar, sentindo-me tonta pelo 
batimento acelerado do meu coração. Não conseguia me lembrar da última vez que havia 
ficado tão nervosa e com o estômago tão embrulhado. 
 “Minha mãe e meu pai não eram casados. Não sei muito bem como eles se conheceram, porque nenhum dos dois gosta de falar a respeito. Sei que a família da minha 
mãe tinha dinheiro. Não tanto quanto os maridos dela, mas com certeza mais que a maioria das pessoas. Ela era uma debutante. Passou por todo o ritual do vestido branco e da apresentação à sociedade. Ficar grávida era uma grande complicação para a vida dela, mas mesmo assim minha mãe não interrompeu a gravidez.” 
 Olhei para a minha taça de vinho. “Eu a admiro muito por isso. Houve muita pressão para que tirasse o bebê — no caso, eu —, mas ela foi até o fim. Obviamente.” 
 Seus dedos passeavam pelos meus cabelos ainda molhados do banho. “Sorte minha.” 
 Peguei sua mão e beijei seus dedos, depois a segurei junto ao meu colo. “Mesmo 
sendo novinha, ela conseguiu fisgar um milionário. Era um viúvo com um filho só dois 
anos mais velho que eu, então acho que todos pensaram que o casamento seria muito 
conveniente para ambas as partes. Ele viajava muito e quase não parava em casa. Minha 
mãe poderia gastar o dinheiro dele à vontade e em troca assumiria a criação do garoto.” 
 “Eu entendo essa necessidade de ter dinheiro, Demetria”, ele murmurou. “É uma coisa 
que eu também tenho. O poder que ele traz. A segurança.” 
 Nossos olhares se encontraram. Alguma coisa se fortaleceu entre nós naquele momento de sinceridade. Isso tornou mais fácil para mim continuar a história. 
 “Eu tinha dez anos quando o filho do meu padrasto me estuprou pela primeira 
vez...” 
 A haste da taça dele se partiu em sua mão. Ele ainda teve o reflexo de apanhar o 
bojo caído sobre sua perna antes que o conteúdo se derramasse. 
 Eu me levantei às pressas quando vi que ele fez o mesmo. “Você se cortou? Está 
tudo bem?” 
 “Estou bem”, ele disse entre os dentes. Depois foi até a cozinha e jogou a taça 
quebrada no lixo, acabando de estilhaçá-la. Coloquei minha taça sobre a mesa com cuidado, com as mãos trêmulas. Ouvi os armários da cozinha abrindo e fechando. Minutos depois, Joseph voltou, trazendo um copo com uma bebida mais escura nas mãos. 
 “Sente-se, Demetria.” 
 Olhei para ele. Estava tenso, com os olhos gelados. Ele acariciou meu rosto e falou 
num tom mais suave: “Sente-se... por favor”. 
 Minhas pernas bambas cederam, e eu me sentei na beirada do sofá, apertando bem o 
robe contra o corpo. 
 Joseph permaneceu de pé, dando um grande gole em sua bebida. “Você disse que 
essa foi a primeira vez. Houve mais quantas?” 
 Respirei bem fundo, lutando para me acalmar. “Não sei. Perdi a conta.” 
 “Você contou para alguém? Contou para sua mãe?” 
 “Não. Pelo amor de Deus, se ela soubesse, teria me tirado de lá. Mas Nathan fez de 
tudo para me deixar apavorada, de modo que não tocasse no assunto.” Tentei engolir, mas minha garganta estava rígida, fechada, e a queimação que sentia fez com que eu me 
encolhesse toda. Quando voltei a falar, minha voz não passava de um sussurro. “Teve uma 
época em que a coisa ficou tão feia que eu quase contei mesmo assim, mas ele percebeu. 
Notou que eu estava prestes a abrir a boca. Foi quando quebrou o pescoço da minha gata e deixou o cadáver na minha cama.” 
 “Minha nossa.” Joseph estava ofegante. “Ele não era só um tarado, era totalmente 
maluco. E estava molestando você... Demetria.” 
 “Os empregados da casa deviam saber”, continuei, de cabeça baixa, olhando para minhas mãos contorcidas. Eu só queria acabar logo com aquilo e fazer as lembranças 
voltarem para um compartimento da minha mente no qual elas não atrapalhassem minha 
vida no dia a dia. “Como não disseram nada, acho que também tinham motivos pra ter 
medo. Eles eram adultos e não abriram a boca. Eu era uma criança. O que eu poderia fazer se os adultos não faziam nada?” 
 “Como você saiu dessa?”, ele perguntou com a voz rouca. “Quando isso terminou?” 
 “Quando eu tinha catorze anos. Pensei que estava menstruando, mas era sangue 
demais. Minha mãe entrou em pânico e me levou ao pronto-socorro. Tinha sido um aborto 
espontâneo. Durante o exame encontraram sinais de... outros traumas. Cicatrizes vaginais e anais...” 
 joseph pôs seu copo na mesa, batendo-o com força contra a madeira. 
 “Sinto muito”, sussurrei, sentindo um nó no estômago. “Eu não queria entrar em 
detalhes, mas você precisa saber o que as pessoas podem descobrir se pesquisarem. O 
hospital fez uma denúncia ao conselho tutelar. Os arquivos do processo são confidenciais, 
mas muita gente conhece a história. Quando minha mãe se casou com o Stanton, ele fez 
questão de reforçar essa confidencialidade, ofereceu dinheiro em troca de acordos de 
sigilo... coisas do tipo. Mas você tem o direito de saber que essa coisa toda pode vir à tona e fazer você passar vergonha.” 
 “Vergonha?”, ele explodiu, remoendo-se de raiva. “O que estou sentindo agora não 
tem nada a ver com vergonha.” 
 “Joseph...” 
 “Eu destruiria a carreira do repórter que escrevesse sobre isso, depois fecharia o 
veículo que publicasse.” Ele estava furioso, mas demonstrava uma frieza glacial. “Vou 
encontrar o monstro que fez isso com você, Demetria, quem quer que seja ele, e fazer com que se arrependa de ter nascido.” 
 Estremeci inteira, porque acreditava nele. Estava estampado em seu rosto. Marcado 
no seu tom de voz. Na energia que ele exalava e na sua determinação absoluta. Ele não era um moreno perigoso só por causa do visual. Joseph era um homem que conseguia o que queria. A qualquer preço. 
 Eu me levantei. “Não vale a pena gastar tempo e esforço com ele.” 
 “Por você, vale. E muito. O que for preciso.” 
 Cheguei mais perto da lareira e senti o calor do fogo. “E tem também o rastro deixado pelo dinheiro. Os policiais e os jornalistas sempre vão atrás do dinheiro. Alguém pode se perguntar por que minha mãe saiu do primeiro casamento com dois milhões de dólares e sua filha de outro relacionamento saiu com cinco.” 
 Não precisei nem olhar para ele para saber que estava paralisado. “Obviamente”, 
continuei, “essa quantia deve ser muito maior hoje em dia. Não sei nem quero saber o total, mas quem administra esse dinheiro é Stanton, e todo mundo sabe que ele tem o toque de Midas. Portando, se alguma vez você desconfiou que eu poderia estar atrás do seu dinheiro...” 
 “Pode parar por aí.” 
 Eu me virei para encará-lo. Vi seu rosto, seus olhos. Vi que estava horrorizado, e 
que sentia pena de mim. Mas foi o que não vi que mais me magoou. 
 Meu maior pesadelo tinha se materializado. O que eu mais temia é que meu passado 
tivesse um impacto negativo na atração que ele sentia por mim. Eu havia dito para Cary que Joseph poderia querer ficar comigo pelos motivos errados. Que ele poderia ficar ao meu lado, mas mesmo assim — para todos os efeitos — seria como se eu o tivesse perdido. Era exatamente o que parecia ter acontecido.
Apertei ainda mais o laço do meu robe. “Vou me trocar e já estou indo.” 
 “Quê?” Joseph pareceu despertar. “Indo aonde?” 
 “Pra casa”, eu disse, sentindo-me exausta. “Acho que você precisa de tempo pra 
digerir tudo isso.” 
 Ele cruzou os braços. “Podemos fazer isso juntos.” 
 “Acho que não.” Eu estava quase chorando. A tristeza era maior que a vergonha e a 
decepção. “Não enquanto você continuar me olhando como se tivesse pena de mim.” 
 “Não tenho sangue de barata, Demetria. Só não sendo humano para não se comover com 
essa história.” 
 Os sentimentos que vinham se acumulando desde a hora do almoço extravasaram na 
forma de uma dor aguda no meu peito e uma onda de raiva e sinceridade. “Não quero que você sinta pena de mim.” 
 Ele passou as duas mãos pelos cabelos. “Você quer o que então, porra?” 
 “Você! Eu quero você.” 
 “Isso você já tem. Quantas vezes preciso dizer?” 
 “As palavras não significam merda nenhuma sem uma atitude pra comprovar o que 
elas dizem. Desde que nos conhecemos, você sente tesão por mim. Não conseguia nem me olhar sem mostrar claramente que queria acabar na cama comigo. E eu não estou vendo isso agora, Joseph.” Meus olhos faiscavam. “Esse olhar... morreu.” 
 “Você não pode estar falando sério.” Ele me encarou como se eu tivesse dito o 
maior dos absurdos. 
 “Acho que você não entende o que seu desejo faz comigo.” Cruzei os braços, 
cobrindo meus seios. Estava me sentindo nua, e não no bom sentido. “Faz com que eu me 
sinta linda, poderosa e cheia de energia. Eu... não consigo nem pensar em continuar com 
você se esse desejo não existir mais.” 
 “Demetria, eu...” Sua voz foi desaparecendo até silenciar. Sua expressão era carrancuda, 
distante. Ele estava com as mãos fechadas pendendo dos dois lados do corpo.  Afrouxei o laço do meu robe e fiquei totalmente nua. “Olhe pra mim, Joseph. Pro meu corpo. É o mesmo corpo que você não queria largar ontem à noite. O mesmo corpo que você estava tão desesperado para possuir que me levou para aquele maldito quarto de 
hotel. Se não o quiser mais... se não conseguir mais se excitar olhando pra ele...” 
 “Isto é excitação suficiente pra você?” Ele desamarrou o cordão da calça e exibiu 
sua intensa e pulsante ereção. 
 Avançamos um para o outro ao mesmo tempo. Nossas bocas se encontraram quando 
ele me levantou para que eu envolvesse seus quadris com minhas pernas. Ele cambaleou até o sofá e se jogou sobre ele, usando uma das mãos para absorver o peso combinado dos nossos corpos. 
 Abri bem minhas pernas, soluçando e quase sem fôlego, quando ele se ajoelhou no 
chão e começou a me lamber. Foi um gesto um tanto bruto e impaciente, sem a finesse 
habitual, e eu estava adorando. Gostei ainda mais quando ele se ergueu e meteu em mim 
sem cerimônia. Eu já estava toda molhada, e aquela sensação me fez expirar com força, 
então senti seu polegar no meu clitóris, em movimentos circulares que faziam meus quadris se remexerem sem parar. 
 “Isso”, gemi, arranhando com força suas costas. Aquela frieza toda havia sumido. 
Ele tinha voltado a ser fogo puro. “Me fode, Joseph. Me fode com força.” 
 “Demetria.” Ele cobriu minha boca com a sua e agarrou meu cabelo, mantendo-me 
imóvel enquanto investia contra mim de novo e de novo, entrando cada vez mais fundo. Ele afastou o encosto de braço com o pé e veio sobre mim com toda a vontade, perseguindo seu orgasmo de maneira obstinada e feroz. “Minha... minha... minha...” 
 As pancadas ritmadas das suas bolas contra a curvatura da minha bunda e a 
veemência do seu mantra possessivo me deixaram cheia de tesão. Sentia um novo estímulo no meu corpo a cada pontada de dor. Sentia meu sexo ficar cada vez mais apertado conforme a excitação crescia. 
 Com um grunhido longo e gutural, ele começou a gozar, estremecendo dos pés à 
cabeça à medida que se esvaziava dentro de mim.  Eu o agarrei quando ele chegou ao clímax, acariciando suas costas, beijando seus ombros. 
 “Espere aí”, ele disse asperamente, posicionando suas mãos por baixo de mim e me 
apertando contra ele. 
 Joseph me levantou e depois me pôs em cima dele. Eu estava lubrificada pelo orgasmo dele, o que facilitou a tarefa de trazê-lo de volta para dentro de mim. Ele afastou os cabelos que cobriam meu rosto com a mão, depois limpou minhas lágrimas de alívio. “Estou sempre pronto para você, sempre com tesão. Estou sempre morrendo de vontade. Se alguma coisa pudesse mudar isso, já teria sido feita antes de chegarmos a este ponto. Entendeu?” 
 Agarrei seus pulsos com as mãos. “Sim.” 
 “Agora mostre que você ainda me quer.” Seu rosto estava vermelho e suado, e os olhos, inebriados e turbulentos. “Preciso saber que perder o controle não significa perder você também.” 
 Tirei suas mãos do meu rosto e as levei aos meus seios. Quando ele os agarrou, lancei os braços nos seus ombros e comecei a remexer os quadris. Ele estava semiereto, 
mas logo endureceu quando comecei a rebolar. Seus dedos nos meus mamilos, apertando e fazendo movimentos circulares, provocaram ondas de prazer pelo meu corpo, um estímulo suave que chegava até as profundezas do meu ser. Quando ele me puxou mais para perto e abocanhou um dos meus peitos, gritei bem alto, ficando toda acesa e querendo mais. 
 Flexionei as coxas e me ergui no sofá. Fechei os olhos para me concentrar na sensação que ele produziu ao sair de dentro de mim; depois mordi o lábio ao senti-lo entrar 
novamente. 
 “Isso mesmo”, ele murmurou, lambendo meus seios até chegar ao outro mamilo, 
passando suavemente a língua pela pontinha dura e hipersensível. “Goza pra mim. Quero 
que você goze cavalgando meu pau.” 
 Mexendo os quadris, desfrutei da sensação maravilhosa de tê-lo dentro de mim por 
inteiro. Sem pudor e sem remorso, entrei em uma espécie de frenesi me movimentando 
sobre seu pênis, ajustando a angulação do movimento para que sua ponta grossa se 
esfregasse exatamente onde eu precisava. 
 “Joseph”, sussurrei. “Ai, assim... que delícia...” 
 “Você é tão linda.” Ele agarrou minha nuca com uma das mãos e minha cintura com 
a outra, arqueando os quadris para entrar ainda mais fundo. “Tão sexy. Vou gozar pra você de novo. É isso que você faz comigo, Demetria. Eu nunca me canso.” 
 Estremeci ao sentir que meu corpo todo se enrijecia, assim como a gostosa tensão 
que surgiu a partir dos movimentos ritmados. Estava ofegante e quase fora de mim, 
remexendo os quadris sem parar. Levei a mão até o meio das pernas e massageei o clitóris com os dedos, ansiosa pelo momento de chegar ao clímax. 
 Ele respirou fundo e jogou a cabeça para trás no encosto do sofá. Era possível ver suas veias saltando no pescoço esticado. “Você está prontinha pra gozar. Sua boceta está 
toda quentinha e apertadinha, toda gulosa.” 
 Suas palavras e sua voz eram o que faltava. Gritei bem alto quando fui atingida pela 
primeira onda de tremor, depois senti o orgasmo se espalhar pelo meu corpo, sentindo meu sexo pulsar em torno da sólida ereção de Joseph. 
 Com os dentes rangendo audivelmente, ele se manteve firme até as contrações 
diminuírem; depois ergueu meus quadris e me penetrou com força. Na terceira estocada 
profunda, ele urrou meu nome e soltou seu jorro quente, exterminando meus últimos medos e questionamentos. 
 Não sei quanto tempo ficamos no sofá daquele jeito, grudados um no outro, com minha cabeça apoiada no seu ombro e suas mãos acariciando a curvatura das minhas costas. 
 Joseph beijou minha cabeça e pediu: “Fique aqui”. 
 “Vou ficar.” 
 Ele me abraçou. “Você é tão corajosa, Demi. Tão forte e sincera. Você é um milagre. 
Meu milagre.” 
 “Um milagre da terapia moderna, talvez”, ironizei, passeando com os dedos por seus luxuriosos cabelos. “E, mesmo assim, fiquei perturbada demais durante um bom tempo, e ainda existem alguns gatilhos que não sei se consigo encarar.” 
 “Minha nossa. A maneira como cheguei até você no começo... poderia ter arruinado 
tudo antes mesmo de começar. E aquilo lá no evento...” Ele se encolheu todo e enterrou a cabeça no meu pescoço. “Demetria, não deixe que eu estrague tudo. Não permita que eu afaste você de mim.” 
 Levantei a cabeça em busca de seu rosto. Estava insuportavelmente lindo. Às vezes 
era difícil olhar para ele. “Você não pode ficar repensando tudo o que já fez ou falou pra 
mim por causa de Nathan. Isso só vai nos afastar. Vai acabar com a gente.” 
 “Não me diga uma coisa dessas. Nem pense nisso.” 
 Com os polegares, atenuei a expressão fechada de sua testa franzida. “Eu não devia 
ter contado. Seria melhor se você não soubesse.” 
 Ele pegou minha mão e beijou meus dedos. “Preciso saber de tudo, conhecer você 
nos mínimos detalhes, por dentro e por fora.” 
 “Uma mulher precisa ter seus segredos”, provoquei. 
 “Comigo você não vai ter nenhum.” Ele me agarrou pelos cabelos e passou um dos 
braços pelos meus quadris, apertando-me, lembrando-me — como se fosse possível 
esquecer — de que ele ainda estava dentro de mim. “E eu vou possuir você, Demetria. E vai ser justo, porque você já me possuiu.” 
 “E o que vamos fazer a respeito de seus segredos, Joseph?” 
 Seu rosto se transformou em uma máscara inexpressiva, com uma naturalidade tão grande que dava para perceber que aquilo era parte da natureza dele. “Recomecei do zero 
quando conheci você. Tudo o que eu pensava que era, tudo o que eu achava que precisava...” Ele balançou a cabeça. “Estamos descobrindo juntos quem eu sou. Você é a 
única pessoa que me conhece.” 
 Mas eu não o conhecia. Não de verdade. Estava descobrindo as coisas aos poucos, passo a passo, mas em muitos aspectos ele era um mistério para mim. 
 “Demetria... Se você me disser exatamente o que quer...” Ele engoliu em seco. “Posso 
melhorar se você me der uma chance. Só não... não desista de mim.” 



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