Joseph Jonas. Fomos para o trabalho com minhas costas junto a seu corpo e seus braços
sobre meus ombros, para que pudéssemos atar nossas mãos.
Enquanto ele brincava com o anel que tinha me dado, estiquei as pernas e admirei
os sapatos de salto alto que ele havia comprado, junto com algumas roupas, para eu usar
quando dormisse em sua casa. Para começar a nova semana, eu tinha escolhido um vestido justo preto com risca de giz e um cinto azul que me lembrava de seus olhos. Ele tinha um ótimo gosto, isso eu era obrigada a admitir.
A não ser que Joseph estivesse mandando uma de suas “conhecidas” de cabelos
pretos fazer essas comprinhas...
Logo afastei esse pensamento desagradável.
Quando abri as gavetas que ele separou para mim no banheiro, encontrei todos os
cosméticos e produtos de higiene que costumava usar. Nem me dei ao trabalho de perguntar como ele sabia, já que provavelmente não ia gostar da resposta. Em vez disso, decidi encarar a coisa como mais uma prova de sua dedicação. Ele sempre pensava em tudo.
O ponto alto da minha manhã foi ajudar Joseph a vestir um dos seus sensualíssimos
ternos. Abotoei a camisa; ele a ajeitou dentro da calça. Abotoei a braguilha; ele deu o nó na gravata. Ele vestiu o colete; fiz os últimos ajustes na peça bem cortada sobre sua camisa igualmente elegantíssima, impressionada com o fato de que vesti-lo podia ser uma
experiência tão sexy quanto despi-lo. Era como embrulhar um presente para mim mesma.
O mundo todo veria a beleza da embalagem, mas só eu conhecia o homem por
baixo dela e sabia como ele era precioso. Seus sorrisos mais íntimos e suas gargalhadas
gostosas, a gentileza de seu toque e a ferocidade de sua paixão estavam reservados só para mim.
O Bentley sacudiu levemente ao passar por um buraco e Joseph me apertou um
pouco mais em seu abraço. “Quais são seus planos para depois do trabalho?”
“Hoje começam minhas aulas de krav maga.” Meu tom de voz mostrava como eu
estava animada com isso.
“Ah, é verdade.” Ele roçou os lábios na minha cabeça. “Você sabe que vou querer
ver você aprendendo os golpes. Só de pensar já fico com tesão.”
“Já não ficou bem claro que qualquer coisa deixa você com tesão?”, provoquei,
cutucando-o com o cotovelo.
“Qualquer coisa relacionada a você, o que é bom pra nós dois, já que você é
insaciável. Me mande uma mensagem quando terminar a aula e eu passo na sua casa.”
Revirando a bolsa, peguei o celular para ver se ainda estava carregado e vi uma
mensagem de Cary. Era um vídeo, acompanhado de um breve texto: Jonas sabe que o
irmão dele é um fdp? Fique longe de CV, gata, bjs.
Comecei a assistir à filmagem, mas demorei um tempo para descobrir do que se
tratava. Quando enfim entendi o que havia ali, senti meu sangue gelar.
“O que é isso?”, Joseph perguntou com os lábios colados em meus cabelos. Depois
senti seu corpo todo enrijecer atrás de mim, o que comprovava que ele estava vendo tudo.
O vídeo havia sido feito na festa dos Vidal. Pelas paredes de plantas ao redor, dava
para ver que ele estava no labirinto, e pelas folhas emoldurando a imagem, dava para ver
que ele estava escondido. Os protagonistas da filmagem eram um homem e uma mulher em um abraço apaixonado. A bela mulher estava aos prantos, ao passo que o homem a beijava em meio a suas palavras frenéticas e a consolava com carícias.
Estavam falando sobre mim e Joseph, dizendo que eu estava usando meu corpo para faturar alguns de seus milhões.
“Não se preocupe”, Christopher disse num tom suave a uma Magdalene perturbada.
“Você sabe que o interesse de Joseph nunca dura muito.”
“Com ela é diferente. Acho... acho que ele está apaixonado.”
Ele deu um beijo na testa dela. “Ela não faz o tipo dele.”
Apertei os dedos de Joseph entre os meus.
À medida que o tempo passava, o comportamento de Magdalene aos poucos foi
mudando. Ela começou a ceder ao toque de Christopher, sua voz se tornou mais suave, sua boca, mais acessível. Para um observador externo, logo ficava claro que ele conhecia bem seu corpo — sabia onde acariciar e onde apertar. Quando ela enfim reagiu à sua bem
ensaiada sedução, ele levantou seu vestido e transou com ela ali mesmo. O fato de que
estava se aproveitando da situação saltava aos olhos. Era visível em seu olhar triunfante de desprezo enquanto enfiava o pau em uma mulher cujos pensamentos pareciam estar muito distantes dali.
Eu mal reconheci o Christopher que vi na tela. Seu rosto, sua postura, sua voz... era
como se fosse um outro homem.
Dei graças a Deus quando a bateria do meu celular acabou e a tela se apagou de
repente. Joseph me abraçou.
“Credo”, sussurrei, aninhando-me junto a ele com cuidado, para não manchar sua
roupa de maquiagem. “Que horror. Sinto até pena dela.”
Ele bufou. “Esse é o Christopher.”
“Que filho da puta. Aquele olhar pretensioso na cara dele... eca.” Estremeci.
Beijando meus cabelos, ele murmurou: “Pensei que com Maggie ele não faria nada.
Nossas mães são amigas há anos. Acho que esqueci como ele me odeia”.
“Por quê?”
Por um instante me perguntei se os pesadelos de Joseph tinham alguma coisa a ver
com Christopher, mas logo afastei esse pensamento. Sem chance. Joseph era vários anos
mais velho, e muito mais homem em todos os sentidos. Ele acabaria com a raça de
Christopher.
“Ele acha que não recebeu atenção suficiente quando éramos crianças”, Joseph
respondeu com um toque de irritação, “porque estava todo mundo preocupado em saber
como eu me sentia depois do suicídio de meu pai. Então ele quer tirar o que tenho. Tudo o que puder.”
Eu me virei para ele, enfiando os braços sob seu paletó para me sentir ainda mais
próxima. Havia algo em seu tom de voz que me fez sofrer por ele. A casa em que foi criado lhe causava pesadelos, e ele se mantinha totalmente distante de sua família.
Ele nunca havia sido amado. Era simples — e complicado — assim.
“Joseph?”
“Hã?”
Eu me afastei para olhar para ele. Depois estendi a mão e percorri com o dedo suas
sobrancelhas robustas. “Eu te amo.”
Um tremor tomou conta de seu corpo, e com força suficiente para que eu o sentisse
também.
“Eu não queria assustar você”, disse logo, olhando para o outro lado a fim de lhe
proporcionar um pouco de privacidade. “Você não precisa fazer nada a respeito. Só não
aguentava mais esconder como me sinto. Agora você já sabe.”
Ele agarrou minha nuca com uma das mãos; a outra desceu até minha cintura e me pegou com força. Joseph me manteve assim, imobilizada, pressionada junto a ele como se
fosse fugir. Sua respiração e seu pulso estavam acelerados. Ele não disse mais nada no
restante do trajeto, mas também não tirou as mãos de mim.
Eu planejava dizer isso de novo algum dia no futuro, mas, para uma primeira vez,
acho que até nos saímos bem.
Às dez em ponto, mandei duas dúzias de rosas vermelhas com caule longo para o
escritório de Joseph, junto com um bilhete:
Uma celebração aos vestidos vermelhos e aos passeios de limusine.
Dez minutos depois, recebi um comunicado interno do edifício com um envelope e
um cartão que dizia:
VAMOS FAZER ISSO DE NOVO. EM BREVE.
Às onze, mandei um arranjo preto e branco de lírios e copos-de-leite para seu
escritório, também com um bilhete:
Em homenagem aos vestidos em preto e branco e às fugidinhas pra biblioteca...
Dez minutos depois, veio a resposta:
QUERIA DAR UMA FUGIDINHA COM VOCÊ AGORA MESMO...
Ao meio-dia, sai para fazer compras. Para comprar um anel. Passei em seis lojas
diferentes antes de achar o modelo perfeito. Feito de platina e cravejado de diamantes
negros, com um visual industrial que me fazia pensar em poder e submissão. Era um anel
dominante, ousado e masculino. Tive que abrir uma linha de crédito na loja para poder
comprá-lo, mas achei que a mercadoria valia os meses de prestações que eu teria pela
frente.
Liguei para o escritório de Joseph e falei com Scott, que me conseguiu uns quinze
minutinhos na agenda lotada dele para uma visita.
“Muito obrigada pela ajuda, Scott.”
“Você merece. Adorei ver a reação dele quando recebeu as flores. Acho que nunca
o tinha visto sorrir daquele jeito.”
O amor tomava conta de mim. Queria ver Joseph feliz de qualquer jeito. Como ele
havia dito no dia anterior, eu vivia para agradá-lo.
Voltei a trabalhar com um sorriso no rosto. Às duas horas, mandei entregar um
arranjo de lírios no escritório de Joseph com um envelope lacrado e a seguinte mensagem dentro:
Em agradecimento ao sexo selvagem.
A resposta:
ESQUEÇA O KRAV MAGA. FAÇA SUA MALHAÇÃO COMIGO.
Quando eram três horas — cinco minutos antes de meu encontro com Joseph — eu
fiquei nervosa. Levantei-me da cadeira com as pernas trêmulas e assim me dirigi ao
elevador para subir até seu andar. Era o momento de entregar o presente, e fiquei com medo de que ele não gostasse de anéis... afinal de contas, ele não usava nenhum.
Seria presunçoso e possessivo demais da minha parte querer que ele usasse um anel
só porque eu estava usando um?
A recepcionista ruiva liberou meu acesso imediatamente e, quando Scott me viu
aparecer no corredor, ficou de pé e me cumprimentou com um sorriso largo. Dirigi-me
diretamente ao escritório de Joseph, e Scott fechou a porta atrás de mim.
Fui imediatamente envolvida pela adorável fragrância das flores, e fiquei surpresa
ao ver a maneira como elas tornavam aquele ambiente tão tecnológico mais vivo.
Joseph desviou os olhos do monitor e ergueu as sobrancelhas ao me ver. Ele se
levantou no mesmo momento. “Eva. Aconteceu alguma coisa?”
Vi quando ele saiu do papel do profissional para abrir espaço para a vida pessoal,
amenizando a expressão do rosto ao olhar para mim.
“Não. É que...” Respirei fundo e caminhei na direção dele. “Trouxe uma coisa pra
você.”
“Mais coisas? É alguma data especial e eu não estou sabendo?”
Pus a caixinha com o anel no centro da mesa. Depois olhei para o outro lado,
desconfortável. Comecei a duvidar da pertinência daquele presente comprado por impulso.
Naquele momento, parecia uma ideia idiota.
O que eu poderia dizer para ele não se sentir culpado por não querer o presente?
Como se já não tivesse sido constrangedor o bastante ter me declarado naquele dia, logo em seguida eu aparecia com um maldito anel. Ele provavelmente já estava se sentindo
aprisionado, louco para sair correndo. E a armadilha se estreitava ainda mais...
Ouvi o barulho da caixinha sendo aberta e um suspiro. “Eva.”
Seu tom de voz era obscuro e perigoso. Virei-me com cautela, sentindo-me pequena
diante da austeridade de seu rosto e da impassibilidade de seu olhar. Suas mãos agarravam a caixinha com firmeza.
“Exagerei?”, perguntei com a voz rouca.
“Sim.” Ele devolveu a caixinha à mesa redonda. “Exagerou. Não consigo ficar
sossegado, não consigo me concentrar. Não consigo tirar você da minha cabeça. Estou com a cabeça longe daqui, e nunca fico assim durante o trabalho. Estou ocupado demais. E você me cerca de todos os lados.”
Eu sabia muito bem que seu trabalho não era nada fácil, mas nem levei isso em
conta quando senti vontade de fazer uma surpresa para ele — e depois outra e mais outra.
“Desculpe, Joseph. Nem parei para pensar no que estava fazendo.”
Ele se aproximou com sua passada sexy, que por si só já dava pistas do volume que
havia no meio das suas pernas. “Não precisa se desculpar. Hoje está sendo o melhor dia da minha vida.”
“Sério?” Ele pôs o anel no anelar direito. “Eu queria fazer um agrado pra você. Serviu? Tive que chutar o tamanho...”
“Ficou perfeito. Você é perfeita.” Joseph pegou minha mão e beijou meu anel, depois ficou olhando enquanto eu fazia o mesmo. “O que sinto por você, Demetria... chega até a doer.”
Meu coração disparou. “E isso é ruim?”
“É maravilhoso.” Ele envolveu meu rosto com as mãos, e senti a frieza metálica do
anel contra a bochecha. Joseph me beijou apaixonadamente, com os lábios famintos pelos meus e a língua explorando habilmente os recantos da minha boca.
Eu queria mais, porém precisei me segurar, por saber que já tinha feito coisa demais
para um dia só. Além disso, ele se distraiu com a minha visita inesperada e se esqueceu de acionar o botão que tornava opaca a parede de vidro.
“Diga de novo o que disse lá no carro”, ele sussurrou.
“Humm... Não sei.” Passei minha mão livre por seu colete. Estava com medo de
dizer novamente que o amava. Ele foi pego de surpresa na primeira vez e não reagiu muito bem. Além disso, eu não tinha certeza de que ele entendia de fato o que aquilo significava para nós. Para ele. “Você é lindo demais, sabia? Eu sempre me surpreendo com isso, toda vez que nos encontramos. Enfim... Não quero correr o risco de assustar você.”
Inclinando-se até mim, ele encostou sua testa contra a minha. “Você se arrependeu
do que disse, não foi? As flores, o anel...”
“Você gostou mesmo?”, perguntei ansiosamente, afastando-me para observar seu
rosto, para ver se ele não estava tentando esconder a verdade. “Não quero que você use só por minha causa se não tiver gostado.”
Ele acariciou o contorno da minha orelha com o dedo. “É perfeito. É como você me
vê. Vou usar com o maior orgulho.”
Adorei o fato de ele ter entendido o recado. Significava que ele me entendia.
“Se você está tentando me agradar só pra depois poder retirar o que disse antes...”,
ele começou, denunciando no olhar uma surpreendente ansiedade.
Não resisti ao apelo de seus olhos. “Eu estava sendo absolutamente sincera, Joseph.”
“Você ainda vai me dizer isso de novo”, ele ameaçou com um tom de voz sedutor.
“Vai gritar pro mundo inteiro ouvir quando eu fizer o que estou pensando agora.”
Sorri e dei um passo atrás. “Volte ao trabalho, seu tarado.”
“Às cinco eu levo você pra casa.” Ele ficou me olhando enquanto eu caminhava até
a porta. “Quero sua bocetinha peladinha e molhadinha quando entrar no carro. Pode se
tocar um pouco pra ficar no ponto, mas sem gozar, ou haverá consequências.”
Consequências. Um pequeno tremor atravessou meu corpo, mas aquele era um
medo com o qual eu conseguia lidar. Joseph sabia exatamente até que ponto podia ir
comigo. “E você vai estar pronto pra mim?”
Ele abriu um sorriso sarcástico. “E quando é que eu não estou pronto pra você?
Obrigado pelo dia de hoje, Demetria. Adorei cada minuto.”
Mandei um beijo para ele e vi a reação que causei em seus olhos. Aquele olhar
permaneceu comigo durante o restante do dia.
Já eram seis horas quando consegui chegar em casa, descabelada, mas bem comida.
Soube exatamente o que me esperava quando vi a limusine de Joseph me esperando no
meio-fio em vez do Bentley. Ele quase me atacou quando embarquei pela porta traseira, e ainda demonstrou mais uma vez suas fenomenais habilidades orais antes de acabar comigo com todo o vigor a que tinha direito.
Dei graças a Deus por estar em forma. Caso contrário, o apetite sexual de Joseph,
combinado com sua disposição aparentemente inesgotável, já teria me levado à exaustão.
Não que eu pudesse reclamar. Clancy já estava esperando por mim no saguão do prédio quando apareci esbaforida. Se ele notou meu vestido todo amassado, minhas bochechas vermelhas e meus cabelos despenteados, não disse nada. Eu me troquei correndo no apartamento e fomos direto para a academia de Parker. Estava torcendo para que ele pegasse leve, porque minhas pernas ainda estavam meio moles depois de dois orgasmos de contorcer os dedos do pé.
Quando chegamos ao antigo galpão no Brooklyn, eu estava animada e bem disposta
a aprender. Mais de dez alunos estavam entretidos em exercícios diversos, com Parker
supervisionando tudo e gritando palavras de incentivo à beira do tatame. Quando me viu,
ele veio até mim e me conduziu até um canto mais afastado da área de combate, onde
poderíamos treinar juntos.
“Então... como estão as coisas?”, perguntei, numa tentativa de aliviar minha própria
tensão.
Ele sorriu, exibindo um rosto interessante e atraente. “Está nervosa?”
“Um pouco.”
“Vamos começar trabalhando sua força e resistência física, e também sua atenção.
Vou treinar você para não travar nem hesitar diante de confrontos inesperados.”
Antes de começar, eu achava que tinha uma boa dose de força e resistência física,
mas descobri que tinha muito a melhorar. Começamos com uma breve introdução aos
equipamentos e à estrutura do espaço, e depois passamos para uma explicação sobre
posturas de luta neutras ou passivas. Nós nos aquecemos fazendo exercícios físicos básicos, e logo passamos para uma sessão de “tapas”, na qual tentamos acertar os ombros e os joelhos um do outro e bloquear contra-ataques.
Parker era absurdamente bom nisso, claro, mas logo comecei a pegar o jeito. A
maior parte do tempo, no entanto, foi gasto treinando luta de chão, e a isso eu me entreguei de corpo e alma. Sabia muito bem como era ficar por baixo e em desvantagem física. Se Parker notou essa minha habilidade especial, não comentou nada.
Quando Joseph apareceu no meu apartamento mais tarde naquela noite,encontrou-me largada na banheira, toda dolorida. Apesar de já ter tomado banho depois de encontrar seu personal trainer, ele tirou a roupa e entrou na banheira atrás de mim, abraçando-me com os braços e as pernas. Gemi quando ele me apertou.
“Está tão bom assim?”, ele provocou, mordendo minha orelha.
“Quem poderia imaginar que ficar rolando no chão uma hora com um cara bonito
poderia ser tão cansativo?” Cary estava certo quanto ao fato de krav maga provocar
hematomas. Eu já estava vendo algumas manchas escuras aparecendo sob minha pele, e nós ainda nem tínhamos começado a pegar pesado para valer.
“Eu poderia até ficar com ciúmes”, disse Joseph, apertando meus seios, “se não soubesse que Smith é casado e tem filhos.”
Soltei um riso de deboche ao tomar conhecimento de mais uma informação que ele
não deveria ter. “E o número que ele calça, você sabe?”
“Ainda não.” Ele riu do meu grunhido exasperado, e eu não conseguia deixar de
sorrir ao ouvir aquele ruído tão raro.
Um dia ainda discutiríamos essa obsessão por informações, mas aquele não era o
momento para isso. Nós havíamos nos desentendido demais nos últimos dias, e o aviso de
Cary para que nos divertíssemos o máximo possível não saía da minha cabeça.
Brincando com o anel no dedo de Joseph, contei sobre a conversa que havia tido
com meu pai no sábado. Seus colegas policiais estavam pegando no pé dele por eu estar
namorando o famoso Joseph Jonas.
Ele suspirou. “Sinto muito.”
Eu me virei para olhá-lo. “Não é culpa sua ser notícia. É assim mesmo quando se é
tão lindo.”
“Um dia desses”, ele disse, seco, “vou descobrir se meu rosto é uma vantagem ou
uma desgraça.”
“Bom, caso a minha opinião valha alguma coisa, adoro seu rosto.”
Ele sorriu e acariciou minha bochecha. “Sua opinião é a única que importa. E a do
seu pai. Quero que ele goste de mim, Demi, e não que fique pensando que estou expondo a filha dele a invasões de privacidade.”
“Você vai conseguir conquistar meu pai. Tudo o que ele quer é me ver segura e
feliz.”
Ele relaxou visivelmente e me puxou mais para perto. “Eu faço você feliz?”
“Sim.” Apoiei o queixo em seu peito. “Adoro ficar com você. Quando não estamos
juntos, sinto muito a sua falta.”
“Você disse que não queria mais brigar”, ele murmurou com a boca colada no meu
cabelo. “Isso me incomodou. Você está ficando cansada de me ver estragar tudo o tempo
todo?”
“Você não estraga tudo o tempo todo. Eu também fiz um monte de cagadas.
Relacionamentos são coisas complicadas, Joseph. E na maior parte das vezes não incluem
um sexo maravilhoso como o nosso. Temos muita sorte, na verdade.”
Ele pegou um pouco de água com a mão e despejou nas minhas costas, de novo e de
novo, acalmando-me com seu calor constante. “Nem me lembro direito do meu pai.”
“Ah, é?” Tentei não ficar toda tensa nem revelar minha surpresa. Ou minha
empolgação completa e minha vontade desesperadora de conhecê-lo melhor. Ele nunca
havia falado sobre sua família antes. Eu estava me segurando para não enchê-lo de
perguntas, porque não queria forçar a barra...
Joseph soltou um suspiro profundo. Alguma coisa nesse gesto fez com que eu
erguesse a cabeça e deixasse a prudência de lado.
Passei a mão pelos músculos poderosos de seu peitoral. “Quer falar sobre o que
consegue lembrar?”
“São só... impressões vagas. Ele não ficava muito em casa. Trabalhava muito. Acho
que minha determinação vem daí.”
“Você pode ter herdado dele o gosto pelo trabalho, mas para por aí.”
“Como é que você sabe?”, ele rebateu, desafiador.
Olhando para cima, afastei os cabelos de seu rosto. “Desculpe, Joseph, mas seu pai
era um picareta que escolheu o caminho mais fácil. Você não é assim, não é como ele.”
“Não nesse sentido.” Ele fez uma pausa. “Mas acho que ele nunca aprendeu a
desenvolver uma relação de verdade com outras pessoas, a se preocupar com outras coisas além de suas necessidades imediatas.”
Olhei bem para ele. “É assim que você se vê?”
“Não sei”, ele respondeu em voz baixa.
“Bom, eu sei, e não é nada disso.” Dei um beijo na ponta de seu nariz. “Você sabe
cuidar muito bem das pessoas.”
“Espero que sim.” Ele me apertou entre seus braços. “Não consigo nem imaginar
você com outra pessoa, Demetria. Só a ideia de que outro homem possa ver você assim... possa encostar em você... Não gosto de me sentir desse jeito.”
“Isso não vai acontecer, Joseph.” Eu sabia como ele se sentia. Não seria capaz de
aguentar o tranco se ele tivesse a mesma intimidade com outra mulher.
“Você mudou tudo na minha vida. Não suportaria te perder.”
Eu o abracei. “E eu digo o mesmo.”
Puxando minha cabeça para trás, Joseph beijou minha boca apaixonadamente.
Em poucos momentos ficaria clara nossa intenção de espalhar água pelo banheiro
inteiro. Recuei. “Preciso comer se for fazer isso de novo, seu tarado.”
“Falou a mulher que está esfregando o corpo nu no meu.” Ele se recostou na
banheira com um sorriso perverso.
“Vamos pedir comida chinesa barata e direto da caixa.”
“Vamos pedir comida chinesa de verdade e fazer isso.”
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