sábado, 14 de junho de 2014

Capítulo 18

 Cary não estava mais lá quando cheguei em casa; ele havia deixado um bilhete 
avisando que estava trabalhando, mas que voltaria a tempo para a pizza com Trey. Como 
minha experiência com pizza na noite anterior não tinha sido muito boa, eu estava disposta a tentar de novo, dessa vez em uma ocasião descontraída. 
 “Tenho um jantar de negócios hoje à noite”, disse Joseph, lendo por cima do meu 
ombro. “Queria que você fosse, para tornar a coisa mais suportável.” 
 “Não posso dar o cano em Cary”, eu disse, já me desculpando antes de me virar 
para ele. “As amigas vêm em primeiro lugar, você sabe como é.” 
 Ele sorriu e me cercou pondo com as mãos no balcão. Estava usando o terno que eu 
havia escolhido, um Prada grafite levemente brilhante. A gravata era de um tom de azul que combinava com seus olhos e, deitada na cama observando enquanto ele se vestia, tive que lutar contra a vontade de arrancar tudo aquilo. “Cary não é uma amiga sua. Mas entendi o que você quis dizer. Quero ficar com você hoje à noite. Posso vir depois do jantar e dormir aqui?” 
 Senti uma onda de calor percorrer meu corpo. Passei minhas mãos pelo colete dele, 
sentindo-me como uma portadora de um segredo especial por saber exatamente como ele 
era por baixo das roupas. “Eu adoraria que você viesse.” 
 “Ótimo.” Ele acenou com a cabeça, satisfeito. “Vou fazer um café enquanto você se 
troca.” 
 “Os grãos estão no freezer, e o moedor, do lado da cafeteira. E eu gosto de bastante 
leite e só um pouquinho de adoçante.” 
 Vinte minutos depois, quando saí do quarto, Joseph encheu duas canecas de café para viagem e descemos para o saguão. Paul nos escoltou da porta da frente do prédio à 
porta traseira do Bentley. 
 Enquanto o motorista arrancava com o carro, Joseph me olhou dos pés à cabeça e 
falou: “Você está mesmo querendo me matar. Está usando cinta-liga de novo?”. 
 Puxei a barra da saia e mostrei as meias de seda preta presas à cinta-liga de renda 
preta. 
 Ele soltou um palavrão abafado que me fez rir. Eu havia escolhido uma blusa de seda de manga curta e gola rulê, combinada com uma saia vermelha razoavelmente curta, 
na medida do possível, e sapatos Mary Jane de salto alto. Como Cary não estava por lá para me fazer um penteado mais elaborado, prendi os cabelos em um rabo de cavalo. “Gostou?” 
 “Estou de pau duro.” Sua voz estava rouca, e ele se ajustou dentro da calça. “Como 
é que vou conseguir trabalhar pensando em você vestida desse jeito?” 
 “Temos sempre a hora do almoço”, sugeri, já fantasiando uma rapidinha no sofá do 
escritório dele. 
 “Tenho um almoço de negócios hoje. Eu poderia remarcar, se já não tivesse feito 
isso ontem.” 
 “Você remarcou um compromisso por minha causa? Que honra.” 
 Ele se inclinou e acariciou meu rosto com os dedos, um gesto de carinho que estava 
se tornando habitual e cada vez mais íntimo. Eu estava prestes a me tornar dependente 
desse tipo de toque. 
 Inclinei meu rosto sobre a palma da mão dele. “Você consegue reservar quinze 
minutos do seu dia pra mim?” 
 “Dou um jeito.” 
 “Ligue pra avisar quando puder.” 
 Respirando bem fundo, revirei minha bolsa e apanhei um presente que eu não sabia ao certo se ele ia gostar, mas o fato é que a lembrança daquele pesadelo não me saía da 
cabeça. Eu esperava que aquilo o fizesse lembrar do nosso sexo na madrugada, e o ajudasse a lidar com seu sonho traumático. “Eu trouxe uma coisa. Achei que...” 
 De repente, arrependi-me. 
 Ele franziu a testa. “O que foi?” 
 “Nada. É que...” Eu suspirei de tensão. “Então, eu trouxe uma coisa pra você, mas 
acabei de me dar conta que é o tipo de presente que... não é bem um presente. Agora estou pensando que talvez não tenha nada a ver e...” 
 Ele estendeu a mão. “Dê aqui.” 
 “Você não precisa ficar com ele se não quiser...” 
 “Pare de falar, Demetria.” Ele fez um movimento com os dedos. “Dê aqui.” 
 Tirei o objeto da minha bolsa e entreguei na mão dele. 
 Joseph olhou em silêncio para a fotografia emoldurada. Era um porta-retratos moderno com recortes de imagens relacionadas a formaturas, que incluía um relógio digital 
marcando três da manhã. A fotografia era minha, posando de biquíni em Coronado Beach 
com um chapelão de palha na cabeça — eu estava bronzeada, feliz, mandando um beijo 
para Cary, que estava se fingindo de fotógrafo de moda, passando-me instruções ridículas. 
Arrasou, gata. Agora brilha. Mostra esse corpão. Agora quero ver a tigresa... rawr... 
 Envergonhada, eu me contorci no assento. “Como eu disse antes, você não precisa 
ficar com ela se...” 
 “Eu...” Ele limpou a garganta. “Obrigado, Demetria.” 
 “Ah, tudo bem...” Fiquei feliz ao ver o Jonas Building pela janela. Saltei assim que o 
motorista estacionou e passei as mãos pela saia, envergonhada. “Se quiser, posso ficar com ela e entregar para você outra hora.” 
 Joseph fechou a porta do Bentley e sacudiu a cabeça. “Ela é minha. Você não vai 
pegar de volta.” 
 Ele pegou minha mão, entrelaçando meus dedos com os dele, e me mostrou o caminho da porta giratória segurando o porta-retratos. Fiquei contente de ver que ele ia entrar no escritório com minha foto nas mãos. 
  Uma das coisas mais divertidas no mundo da publicidade é que um dia de trabalho 
nunca é igual ao anterior. Eu tive uma manhã corridíssima e, quando parei para pensar no 
que ia fazer na hora do almoço, o telefone tocou. “Escritório de Mark Garrity. Demetria Lovato falando.” 
 “Tenho uma novidade”, Cary disparou em vez de dizer alô. 
 “Qual?” Senti pela voz dele que a notícia era boa. 
 “Estou na campanha da Grey Isles.” 
 “Ai, meu Deus! Cary, isso é demais! Adoro os jeans deles.” 
 “O que você vai fazer na hora do almoço?” 
 Abri um sorriso. “Comemorar com você. Consegue chegar aqui ao meio-dia?” 
 “Já estou a caminho.” 
 Desliguei o telefone e me recostei na cadeira, tão empolgada por causa de Cary que 
senti vontade de sair dançando pelo prédio. Para matar o tempo durante os quinze minutos que faltavam para meu horário de almoço, abri o e-mail e vi o alerta do Google sobre novas entradas no mecanismo de busca com o nome de Joseph. Mais de trinta novas citações ao seu nome em apenas um dia. 
Abri o e-mail e surtei diante das várias manchetes fazendo menção a uma tal “mulher misteriosa”. Cliquei no primeiro link que apareceu e fui direcionada a um blog de fofoca. 
 Lá, em cores vivas, havia uma foto de Joseph me beijando enlouquecidamente na 
calçada diante da academia. O artigo que acompanhava a imagem era breve e ia direto ao ponto: 
 Joseph Jonas, o solteirão mais cobiçado de Nova York desde John Kennedy Jr., foi visto 
ontem em uma manifestação pública de afeto. Uma fonte de dentro das Indústrias Jonas 
identificou a sortuda mulher misteriosa como sendo a socialite Demetria Lovato, filha do 
multimilionário Richard Stanton e de sua esposa Monica. Quando questionada a respeito 
da natureza da relação entre Jonas e Lovato, a fonte confirmou que ela é a “mulher mais 
importante” da vida do magnata no momento. Somos capazes até de ouvir os coraçõezinhos se partindo por todo o país nesta manhã. 

 “Droga”, suspirei.
Cliquei nos outros links da mensagem e encontrei a mesma foto, acompanhada de 
legendas e artigos parecidos. Assustada, recostei-me no assento e refleti sobre o significado de tudo aquilo. Se um beijo já causava tanto rebuliço, que chance teríamos de tentar construir um relacionamento? 
 Minhas mãos estavam trêmulas quando fechei as abas do navegador. Eu não tinha 
levado em conta a repercussão na imprensa, mas deveria. “Droga.” 
 O anonimato era meu aliado. Protegia-me do passado. Protegia minha família do 
constrangimento, assim como Joseph. Eu não tinha nem perfis em redes sociais para que 
pessoas que não tivessem acesso a mim no dia a dia não conseguissem me encontrar. 
 Essa parede invisível entre mim e a exposição pública havia sido demolida. 
 “Que inferno”, suspirei ao me ver em uma situação indesejável que poderia ter sido 
evitada caso minha mente se preocupasse com alguma coisa além de Joseph. 
 E eu ainda tinha que levar em conta a reação dele a essa situação toda... Eu me 
remoí por dentro só de pensar nisso. E tinha também minha mãe. Não demoraria muito para ela me ligar e fazer o maior estardalhaço... 
 “Merda.” Lembrei que ela ainda não tinha meu celular novo, e liguei para o serviço 
de mensagens de voz do número antigo para saber se ela tinha tentado falar comigo. 
Estremeci quando ouvi que minha caixa postal estava cheia. 
 Desliguei o telefone, peguei a bolsa e saí para o almoço, com a certeza de que Cary 
me ajudaria a pôr as coisas em seus devidos lugares. Eu estava tão perturbada quando 
cheguei ao saguão do edifício que saí do elevador com a cabeça concentrada unicamente 
em encontrar meu amigo. Quando o vi, parti diretamente em sua direção sem pensar em 
mais nada, pelo menos até Joseph parar bem na minha frente e bloquear o caminho. 
 “Demetria.” Ele me olhou franzindo a testa. Agarrou meu cotovelo e me puxou para o 
lado. Foi quando percebi as duas mulheres e o homem que estavam fora do meu campo de vista até então. 
 Precisei de certo esforço para conseguir sorrir para eles. “Olá.” 
 Joseph me apresentou a seus companheiros de almoço de negócios, depois pediu licença e me puxou até um canto. “O que aconteceu? Você está chateada.” 
 “Está em toda parte”, sussurrei. “Uma foto de nós dois juntos.” 
 Ele concordou com a cabeça. “Eu vi.” 
 Olhei bem para ele, piscando várias vezes, perplexa com sua tranquilidade. “E você 
nem liga?” 
 “Por que deveria? Pela primeira vez, estão dizendo a verdade.” 
 Uma desconfiança sorrateira despertou dentro de mim. “Você planejou tudo. Isso é 
coisa sua.” 
 “Não exatamente”, ele respondeu, sem se alterar. “O fotógrafo estava lá por acaso. Eu só proporcionei a ele uma imagem que valia a pena divulgar, e falei pra assessoria de imprensa deixar bem claro que você é minha.” 
 “Por quê? Por que alguém faria isso?” 
 “Você tem sua maneira de lidar com o ciúme, e eu tenho a minha. Nós dois estamos 
comprometidos, e agora todo mundo sabe disso. Por que isso seria um problema?” 
 “Eu estava preocupada com sua reação, mas não é só isso... Existem coisas que você 
não sabe, e eu...” Respirei bem fundo, sentindo meu corpo tremer. “Nossa relação não pode ser assim, Joseph. Não pode vir a público. Eu não quero... droga. Vou virar motivo de constrangimento pra você.” 

 “Não vai, não. Isso é impossível.” Com uma das mãos, ele afastou uma mecha de cabelo que tinha caído sobre meu rosto. “Podemos conversar sobre isso mais tarde? A não ser que você precise de mim...” 
 “Não, tudo bem. Pode ir.” 
 Cary veio até nós. Estava com uma calça cargo preta bem larga e uma camiseta 
branca de gola V, mas ainda assim parecia elegante e sofisticado. “Está tudo bem?” 
 “Oi, Cary. Está tudo bem.” Joseph apertou minha mão. “Aproveite bem seu almoço 
e não se preocupe.” 
 Ele falou isso porque não sabia de nada. 
 E, se soubesse, eu tinha sérias dúvidas se ainda ia querer alguma coisa comigo. 
 Cary olhou bem para mim quando Josepj se afastou. “Não se preocupe com o quê? 
Tem alguma coisa errada?” 
 “Tudo.” Suspirei. “Vamos sair logo daqui, a gente conversa melhor durante o 
almoço.” 
  “Ora”, murmurou Cary, olhando para o link que eu encaminhei do meu celular para 
o dele. “Isso é que é beijo. Ele ter pegado você nos braços desse jeito foi uma grande 
sacada. Não tem como parecer mais apaixonado que isso.” 
 “O problema é justamente esse.” Dei mais um gole na minha água. “Foi tudo encenação.” 
 Ele guardou o telefone no bolso. “Na semana passada você reclamava dele porque 
só queria sexo. Esta semana ele anuncia pro mundo todo que está comprometido, que vocês dois têm uma relação amorosa, e você continua insatisfeita. Estou começando a sentir pena do sujeito. Ele não consegue dar uma dentro.” 
 Esse comentário doeu nos meus ouvidos. “Os jornalistas vão começar a pesquisar, 
Cary, e vão achar muita sujeira. E, como é uma sujeira apetitosa, vão espalhar por toda 
parte e mais um pouco, e isso vai expor Joseph a um constrangimento terrível.” 
 “Gata.” Ele pôs sua mão sobre a minha. “Stanton já deu um jeito de colocar uma 
pedra sobre tudo isso.” 
 Stanton. Eu me ajeitei na cadeira. Não tinha nem me lembrado do meu padrasto. Ele 
previu que uma hora a coisa viria à tona e abafou tudo, pois sabia o que isso causaria à 
minha mãe. Ainda assim... “Vou precisar conversar com Joseph sobre isso. Ele tem o 
direito de saber.” 
 Só a ideia de ter uma conversa como essa já me deixou em frangalhos. 
 Cary sabia como minha cabeça funcionava. “Se você acha que ele vai se assustar e 
fugir, está muito enganada. Joseph olha pra você como se não existisse mais ninguém no 
mundo.” 
 Revirei minha salada de atum com folhas verdes. “Ele também tem seus fantasmas. 
Pesadelos. Acho que ele se fechou para o mundo porque alguma coisa o corrói por dentro.” 
 “Mas ele se abriu pra você.” 
 “E já deu mostras do quanto pode ser possessivo. Não censurei porque é um defeito 
que eu também tenho, mas ainda assim...” 
 “Você está errando feio na análise, Demetria”, interrompeu Cary. “Está achando que o 
sentimento dele por você deve ser uma espécie de acaso ou engano. Qual é o problema, 
alguém como ele não se apaixonaria por alguém como você, é isso?” 
 “Minha autoestima não é tão ruim assim”, protestei. 
 Ele deu um gole em seu champanhe. “Ah, não? Então me diga alguma coisa de que ele gosta em você que não tenha a ver com sexo.” 
 Pensei a respeito e não consegui encontrar nada para dizer, o que me deixou irritada. 
 “Então”, ele continuou. “Se Jonas for tão paranoico quanto você, está pensando a 
mesma coisa, só que ao contrário, imaginando o que uma gata como você viu num cara 
como ele. Você tem grana, então o que ele pode ter de atraente além de ser umgaranhão 
que vive fazendo merda?” 
 Eu me recostei na cadeira e tentei absorver tudo o que ele disse. “Cary, eu te amo de 
paixão.” 
 Ele sorriu. “Eu também, linda. Quer um conselho? Terapia de casal. Quero fazer 
isso quando encontrar alguém e quiser sossegar. E tente se divertir com ele. Vocês precisam aprender a equilibrar os altos e baixos, caso contrário a relação fica sofrida e trabalhosa demais.” 
 Eu me inclinei para a frente e apertei sua mão. “Obrigada.” 
 “Por quê?” Ele desdenhou da minha gratidão com um aceno de mão. “Não existe 
coisa mais fácil que resolver o problema dos outros. O duro é enfrentar nossos próprios 
traumas, e isso eu jamais conseguiria sem você.” 
 “Mas agora você já superou tudo”, assinalei, mudando o foco da conversa. “Você 
está prestes a estrelar um anúncio gigante na Times Square. Não vou mais ser a única a 
poder admirar sua beleza. Vamos deixar a pizza de lado e fazer um jantar comemorativo? 
Que tal abrir aquela caixa de Cristal que Stanton deu?” 
 “Aí, sim.” 
 “E o filme? Quer ver algum em particular?” 
 “O que você quiser. Não quero interferir no seu gosto por filmes bobos de ação.” 
 Sorri, sentindo-me melhor como sabia que me sentiria depois de passar uma hora 
com Cary. “Só me avise se eu não perceber quando você e Trey quiserem ficar sozinhos.” 
 “Rá! Pode deixar. Sua vida amorosa agitada está fazendo com que eu me sinta 
acomodado e tedioso. O que eu mais quero é uma trepada quente e suada com meu próprio garanhão.” 
 “Você transou dentro de um armário poucos dias atrás!” 
 Ele suspirou. “Tinha até esquecido. Que coisa mais triste...” 
 “Não é bem isso que seus olhos estão dizendo.” 
Eu tinha acabado de voltar para minha mesa quando vi no celular uma mensagem de 
Joseph dizendo que teria um tempinho livre para conversar às quinze para as três. Tentei 
esconder minha ansiedade durante os noventa minutos seguintes, já que havia me decidido a seguir o conselho do Cary e me divertir um pouco. Não demoraria muito para que eu e Joseph tivéssemos que encarar meu passado tenebroso, mas, enquanto isso não acontecia, era melhor curtir enquanto ainda era tempo. 
 Respondi para ele pouco antes de subir, avisando que já estava a caminho. Como o 
tempo era curto, não poderíamos perder nem um minuto.Joseph devia achar o mesmo, 
pois encontrei Scott me esperando assim que cheguei ao hall de entrada das Indústrias 
Jonas. Ele me acompanhou até a recepção e liberou minha entrada. 
 “Está tendo um bom dia?”, perguntei. 
 Ele sorriu. “Um ótimo dia. E você?” 
 Retribuí o sorriso. “Já tive piores.” 

 Joseph estava ao telefone quando entrei no escritório. Seu tom de voz era de pressa e impaciência, e ele dizia à pessoa no outro lado da linha que ela deveria ser capaz de fazer seu trabalho sem que fosse preciso supervisioná-la o tempo todo. 
 Ele ergueu um dedo para mim, dizendo que ainda levaria um minuto. Respondi 
estourando uma bola bem grande do chiclete que estava mascando. 
 Joseph ergueu as sobrancelhas de imediato, e acionou os respectivos botões para 
trancar a porta e tornar as paredes de vidro opacas. Sorrindo, saltitei até sua mesa e pulei em cima dela, passando os dedos pelos lábios e balançando as pernas. Com um golpe ágil, ele estourou a outra bola de chiclete que fiz. Fiz um biquinho charmoso. 
 “Dê um jeito nisso”, ele disse com autoridade para a pessoa do outro lado da linha. 
“Só vou poder ir até aí na semana que vem, e ficar me esperando sem fazer nada só vai 
atrapalhar. Agora pare de falar. Tenho um assunto urgente na minha mesa pra resolver e 
você está me atrapalhando. Pode ter certeza que estender essa conversa só vai servir pra me irritar. Faça o que precisa ser feito e amanhã conversamos de novo.” 
 Ele pôs o telefone de volta no gancho em um gesto de violência reprimida. “Demetria...” 
 Ergui uma das mãos para mantê-lo à distância e embrulhei meu chiclete em uma 
folha do bloquinho de papel que havia em cima da mesa. “Antes que brigue comigo, senhor Jonas, gostaria de dizer que, quando chegamos a um impasse nas discussões sobre a fusão ontem no hotel, eu não deveria ter ido embora. Isso não ajudou em nada. E eu não reagi muito bem à divulgação da foto pela assessoria de imprensa. Mas ainda assim... Mesmo não tendo sido uma boa secretária, acho que mereço outra chance de me destacar.” 
 Ele estreitou os olhos e me observou com cuidado, avaliando e reavaliando a 
situação conforme se desenrolava. “Eu pedi sua opinião sobre que atitude tomar a esse 
respeito, senhorita Lovato?” 
 Sacudi a cabeça e o olhei de baixo para cima. Dava para perceber que a irritação 
causada pelo telefonema já se dissipava, substituída por uma excitação e um interesse cada vez maior no que estávamos fazendo. 
 Desci da mesa, fui até perto dele e alisei sua gravata impecável com as duas mãos. 
“O que posso fazer para corrigir isso? Tenho outras habilidades muito convenientes.” 
 Ele me agarrou pelos quadris. “Essa foi uma das razões por que você foi a única 
mulher que levei em consideração para o cargo.” 
 Essas palavras fizeram uma onda de calor invadir meu corpo. Agarrando seu pau 
com uma das mãos, comecei a acariciá-lo por cima da calça. “Que tal eu retomar meus 
afazeres? Posso fazer uma demonstração de que sou a pessoa mais qualificada para ser sua 
assistente.” 
Joseph  teve uma ereção com uma velocidade que me deixou deliciada. “Bela 
iniciativa, senhorita Lovato. Mas minha próxima reunião é daqui dez minutos. Além disso, 
não estou acostumado a expandir os horizontes profissionais dos meus funcionários no meu 
escritório.” 
 Abri o botão da calça dele e baixei o zíper. Com a boca colada em seu queixo, 
sussurrei: “Se está pensando que existe algum lugar em que eu não vou fazer você gozar, é melhor refazer seu planejamento”. 
 “Demetria”, ele suspirou, cheio de tesão e carinho nos olhos, depois agarrou minha 
garganta, roçando meu queixo com os polegares. “Você está me deixando perturbado. 
Sabia disso? Está fazendo de propósito?” 
 Enfiei a mão dentro da cueca dele e o agarrei por inteiro, oferecendo os lábios para 
serem beijados. Foi o que ele fez, atacando minha boca com uma ferocidade que me deixou sem fôlego. 
 “Quero você agora”, ele gemeu. 
 Ajoelhei no piso acarpetado, abaixando sua calça para obter a margem de manobra 
da qual precisava. 
 Ele expirou com força. “Demetria, o que você está...” 
 Meus lábios o envolveram em todo o diâmetro. Ele agarrou a beirada da mesa, 
fazendo suas juntas ficarem pálidas com o esforço. Eu o segurei com as duas mãos e 
abocanhei a cabeça do pau dele, chupando bem de leve. A maciez de sua pele e seu cheiro irresistível me fizeram gemer. Senti uma onda de excitação percorrer seu corpo e ouvi um som áspero ressoar em seu peito. 
 Joseph pôs a mão no meu queixo. “Lambe.” 
 Excitada por aquela voz de comando, percorri com a língua toda a extensão, e estremeci de tesão quando ele emitiu um jorro quente de líquido pré-ejaculatório. Agarrei a 
base do seu membro com uma das mãos, abri bem a boca e comecei a fazer movimentos 
ritmados, à espera do que viria. 
 Queria ter mais tempo, para fazer aquele momento durar mais. Deixá-lo louco... 
 Ele soltou um gemido temperado pela mais doce agonia. “Essa sua boca. Continua 
chupando. Assim... Com força, até bem lá no fundo.” 
 Fiquei com tanto tesão por dar prazer a ele que me contorci inteira. Suas mãos se 
enterraram nos meus cabelos presos, puxando-os pela raiz. Eu adorava o modo como ele 
começava as coisas suavemente e depois ia ficando mais bruto à medida que o desejo que sentia por mim o fazia perder a cabeça. 
 Essa leve pontada de dor me deixou ainda mais ávida e sedenta. Minha cabeça subia 
e descia sobre ele, masturbando-o com uma das mãos enquanto chupava e lambia a parte de cima do seu pau. Percorri com a língua as veias grossas daquele pau, virando a cabeça para encontrar e contemplar cada uma delas. 
 Ele foi ficando cada vez mais duro e mais grosso. Meus joelhos estavam doendo, mas isso não importava; meus olhos estavam grudados em Joseph, que jogava a cabeça 
para trás e tentava não perder o fôlego. 
 “Demetria, você chupa tão gostoso.” Ele segurou minha cabeça, levantou-se e assumiu o 
controle. Começou a mexer os quadris. A foder minha boca. Estava em tamanho estado de excitação que a única coisa que importava era chegar ao orgasmo. 
 Essa ideia me deixou enlouquecida, imaginei na minha cabeça como deveríamos 
estar quando vistos por outra pessoa: Joseph, com toda a sua sofisticação cosmopolita, 
diante da mesa da qual comandava seu império, enfiando seu pau enorme na minha boca 
faminta. 
 Apertei ainda mais seus quadris, mexendo os lábios e a língua freneticamente, 
desesperada para fazê-lo chegar ao clímax. Suas bolas eram grandes e pesadas, uma 
demonstração audaciosa de sua virilidade. Eu as peguei na mão, acariciando-as 
suavemente, sentindo seu saco encolher e enrijecer. 
 “Ah, Demi.” Seu tom de voz era rouco e gutural. Ele puxou com mais força meus 
cabelos. “Você vai me fazer gozar.” 
 O primeiro jato de sêmen foi tão grosso que tive de fazer força para engolir. Perdido 
em seu prazer, Joseph continuava atacando com força minha garganta, e seu pau preenchia todos os espaços da minha boca. Meus olhos se encheram de lágrimas e senti meus pulmões em chamas, mas ainda assim cerrei os punhos e extraí dele tudo o que podia. Seu corpo estremeceu quando arranquei a última gota. Seus gemidos e murmúrios foram o som mais gratificante que já ouvi na vida. 
 Eu o lambi até que estivesse limpo, maravilhada com o fato de não ter murchado 
imediatamente após um orgasmo tão explosivo. Ele ainda era capaz de me comer 
intensamente, e estava mais do que disposto a isso, eu tinha certeza. Mas não tínhamos 
mais tempo, e eu não me incomodaria de parar por ali. Era o que eu queria fazer para ele. 
Para nós. Para mim, na verdade, porque precisava saber se era capaz de desfrutar de um ato 
sexual de caráter altruísta, em que eu não fosse o centro das atenções. 
 “Preciso ir”, murmurei, levantando-me e beijando sua boca. “Espero que o restante 
do seu dia seja sensacional, e seu jantar de negócios também.” 
 Afastei-me para sair, mas ele me agarrou pelo pulso, de olho no relógio do 
mostrador do seu telefone. Foi quando percebi que minha fotografia estava lá, ao alcance de seus olhos o dia todo. 
 “Demetria... Droga. Espere um pouco.” 
 Franzi a testa ao ouvir seu tom de voz, que parecia carregado de ansiedade. 
Frustração. 
 Ele logo se recompôs, vestindo a cueca e ajustando a camisa para poder fechar a 
calça. Era uma cena bonita de ver, Joseph se arrumando, restaurando a fachada que exibia ao mundo, enquanto eu sabia que era a única que tinha acesso ao homem por trás dela.  Joseph me puxou para perto e beijou minha testa. Suas mãos passaram pelos meus 
cabelos e ele soltou minha fivela. “Eu não fiz nada pra você.” 
 “Não precisa.” Eu adorava sentir suas mãos na minha cabeça. “Foi maravilhoso 
assim mesmo.” 
 Ele estava concentrado demais arrumando meu cabelo, com as bochechas vermelhas 
depois do orgasmo. “Sei que você precisa empatar o placar”, ele argumentou de uma forma um tanto grosseira. “Não posso deixar você ir embora se sentindo usada por mim.” 
 Fiquei emocionada com essa demonstração de consideração, apesar de um tanto bruta.Ele me ouvia. Importava-se comigo. 
 Envolvi seu rosto com minhas mãos. “Você me usou, sim, mas com minha 
permissão, e foi uma delícia. Eu queria fazer isso pra você, Joseph. Lembra? Eu avisei. 
Queria que você tivesse algo para se lembrar de mim.” 
 Ele arregalou os olhos, alarmado. “Por que preciso de lembranças se tenho você? 
Demi, se você está falando sobre a foto...” 
 “Fique quietinho aí e aproveite o momento.” Não tínhamos tempo suficiente para 
conversar sobre aquilo, e eu também não estava a fim. “Mesmo se tivéssemos uma hora, eu não ia querer que você me fizesse gozar. Não estou disputando quem faz o outro gozar mais vezes, campeão. E, sendo bem sincera, você é o primeiro cara para quem eu posso dizer isso tranquilamente. Agora preciso ir. E você também tem um compromisso.” 
 Eu me afastei de novo para sair, mas ele me agarrou mais uma vez. 
 A voz de Scott ressoou pelo alto-falante. “Com licença, senhor Jonas. O pessoal da 
reunião das três horas já chegou.” 
 “Está tudo bem, Joseph”, garanti. “Você vai passar lá em casa hoje à noite, certo?” 
 “Isso eu posso garantir.” 
 Fiquei na ponta dos pés e beijei sua bochecha. “Mais tarde conversamos.” 


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