sexta-feira, 27 de junho de 2014

Capítulo 1

   Eu amava Nova York de maneira ensandecida.Era o tipo de paixão que reservava a apenas mais uma coisa na minha vida.A cidade era um microcosmo que aliava as oportunidades do Novo Mundo as tradições do Velho Continente.Conservadores andavam lado a lado com boêmios.Novidades bizarras ocupavam o mesmo espaço que raridades de valor inestimável.A energia pulsante da cidade alavancava grandes negócios internacionais,atraindo gente de todo o mundo.
    E a incarnação de toda essa vibração,ambição irrefreável e sede de poder em escala global havia acabado de me proporcionar dois orgasmos incríveis,de contorcer os dedos dos pés.
   Enquanto eu caminhava até o closet gigantesco, olhei a cama desarrumada de Joseph Jonas e estremeci com a recordação de prazer que havia sentido ali.Meus cabelos ainda estavam molhados do banho, e eu tinha apenas uma toalha enrolada no corpo.Faltava uma hora e meia para o início do expediente de modo que eu não tinha tempo a perder.Eu precisava reservar um tempinho na rotina da manhã para o sexo,caso contrário estaria sempre atrasada.Joseph sempre acordava pronto para conquistar o mundo e gostava de exercitar seu lado dominador comigo antes de qualquer coisa.
   Eu tinha muita sorte.
 O mês de julho estava chegando,e a temperatura em Nova York só subia.Escolhi uma calça de linho bege e uma blusinha cinza sem mangas que combinava com meus olhos.Como não tinha o menor talento para me pentear,prendi meus longos cabelos loiros em um rabo de cavalo simples e me maquiei. Quando senti que estava apresentável, sai do quarto.
  Assim que pisei no corredor, ouvi a voz de Joseph.Senti um pequeno arrepio percorrer meu corpo quando percebi que ele estava irritado.Seu tom de voz era seco e grave. Ele não perdia a cabeça com facilidade... a não ser que eu o provocasse. Era capaz de fazê-lo gritar, xingar e querer arrancar os lindo cabelos negros que cobriam sua cabeça.
  Na maior parte do tempo, porém, Joseph era um exemplo de força bruta contida. Ele não precisava gritar para intimidar alguém , bastava um olhar ou uma palavra mais incisiva.
 Fui até o escritório.Ele estava de pé, de costas para a porta, usando um fone de ouvido. Com os braços, olhava pela janela de sua cobertura na Quinta Avenida, transmitindo a imagem de uma profundamente solitária, alheia ao mundo ao seu redor, embora capaz de governa-lo.Em todos os sentidos.
  Apoiada ao batente da porta, saboreei a visão. Com certeza minha vista de Nova York era muito mais inspiradora que a dele. Da minha perspectiva, além dos arranha-céus, via-se um homem igualmente imponente. Joseph tinha tomando banho antes que eu saísse da cama. Ele vestia duas das três peças de um caríssimo terno feito sob medida. O tipo de roupa que me excitava num homem, sobre o seu corpo altamente viciante. Vendo-o de costas, eu podia admirar sua bunda perfeita e costas largas delineadas pelo colete.
Na parede, havia uma enorme colagem de nós dois, além de uma foto muito íntima tirada enquanto eu dormia. A maioria delas haviam sido feitas pelos paparazzi que nos seguiam a cada passo.Ele era Joseph Jonas, das Indústrias Jonas,que aos vinte anos já era uma das vinte e oito anos já era uma das vinte pessoas mais ricas do mundo. Eu desconfiava que ele ara dono de boa parte de Manhattan, e tinha certeza absoluta que era o homem mais lindo do planeta. Havia fotos minhas espalhadas por todos os  escritórios de Joseph, como se olhar pra mim fosse mais divertido quanto olhar para ele.  
 Ele se virou,girando elegantemente sobre os pés para me encarar com seus olhos castanho-esverdeados. Joseph sabia que eu estava lá, olhando para ele. Havia uma energia no ar quando chegávamos perto um do outro, uma espécie de tensão nervosa que lembrava o silêncio que precede o trovão. Ele provavelmente tinha adiado de propósito o momento que ficaria de frente para mim, de modo que eu pudesse admira-lo mais um pouco.
  Um moreno perigoso. E todo meu.
 Nossa... Eu jamais me acostumaria com o impacto daquele rosto. O contorno de suas feições, as sobrancelhas arqueadas, os olhos azuis com cílios grossos e  aquela boca...perfeitamente talhada para ser igualmente sensual e perversa. Eu adorava quando aquela boca sorria me convidando para o sexo, e estremecia quando a via se contrair em uma expressão fria e tensa. Quando aqueles lábios tocavam meu corpo, eu ardia.
 Que maluquice é essa? Abri um sorriso ao me lembrar o quanto me irritava ouvir minhas amigas descrevendo poeticamente a beleza de seus namorado. Mas lá estava eu, sempre de queixo caído diante do visual irresistível daquele homem complicado,perturbador,traumatizado e sexy por quem eu me apaixonava um pouco mais a cada dia.
 Ainda que olhássemos um para o outro, sua expressão não se amenizou, e ele não parou nem um instante de falar com o pobre coitado do outro lado da linha, mas a irritação em seu olhar foi substituída por uma intensidade dramática.
Eu já deveria ter ter me acostumado á mudança que ocorria quando ele me olhava, mas ainda me abalava a ponto de estremecer. Aquele olhar demonstrava a força e a intensidade com que ele queria me comer (o que fazia sempre que possível), e me oferecia um vislumbre de sua determinação irreprimível. A liderança e o pulso firme eram a marca de Joseph em tudo o que fazia na vida.
" Vejo você no sábado, ás oito", ele disse antes de arrancar o fone de ouvido e arremessá-lo sobre a mesa. "Vem cá, Demetria".
 Mais uma vez eu estremeci ao ouvi-lo dizer meu nome no mesmo tom autoritário como dizia "Goza, Demetria" quando eu estava debaixo dele... sentindo-o dentro de mim...desesperada para chegar ao orgasmo...
 " Não temos tempo para isso, garotão..." Voltei para o corredor, por que não confiava em mim mesma quando estava perto dele. O leve toque de rouquidão em seu tom de voz suave e contido era capaz de me fazer gozar. Quando ele me tocava, eu me desmanchava inteira.
 Fui até a cozinha fazer o café.
 Ele resmungou alguma coisa bem baixinho e me alcançou facilmente com suas passadas largas. Quando percebi,estava espremida contra a parede por um metro e noventa centímetros de pura gostosura masculina.
" Você sabe o que acontece quando tenta fugir,meu anjo." Joseph mordeu meu lábio inferior e aplacou a dor acariciando com a língua. "Eu pego você."
Senti meu corpo relaxar e se render alegremente ao prazer da proximidade daquele aperto. Eu o desejava o tempo todo, e com tanto ardor que até doía.Era luxurioso,mas tinha algo mais. Alguma coisa delicada, e profunda fazia com que o desejo que Joseph sentia por mim não funcionasse como um gatilho para sentimentos desagradáveis que poderiam vir á tona com outros homens. Se outra pessoa me subjugar com o peso do corpo daquele jeito, eu teria um ataque. Mas isso nunca foi problema para Joseph.Ele sabia do que eu precisava e o quanto era capaz de suportar.
Ele abriu um sorriso que fez meu coração parar de bater por um momento.
Diante daquele rosto maravilhoso, emoldurado por cabelos negros e sedosos, senti minhas pernas fraquejarem. Ele era elegante e contido. O único toque de ousadia em sua aparência eram os cabelos.
 Joseph esfregou seu nariz contra o meu " Você não pode sorrir para mim daquele jeito e me dar as costas.No que estava pensando enquanto eu falava ao telefone?"
 Abri um sorrisinho malicioso "Em como você é lindo.Penso nisso o tempo todo.Ainda não me acostumei."
Ele agarrou a parte de trás de uma das minhas coxas e me puxou para mais perto,provocando-me com o balanço irresistível dos seus quadris contra os meus. Joseph era absurdamente bom de cama. E sabia muito bem disso. "Não vou deixar você se acostumar."
 "Mesmo?" O tesão já percorria minhas veias e meu corpo ansiava pelo toque de Joseph. " Não acredito que você queira outra mulher obcecada no seu pé o tempo todo."
" O  que eu quero", ele sussurrou,agarrando meu queixo e acariciando meu lábio inferior com o polegar, " é que você se mantenha ocupada demais pensando em mim para poder pensar em qualquer outra pessoa."
 Soltei um suspiro lento e trêmulo. Estava absolutamente entregue ao olhar quente em seu rosto, ao tom provocador de sua voz e ao gosto divino de sua pele. Ele era minha droga, um vício que eu não tinha a menor vontade de largar.
 "Joseph", murmurei, deliciada.
Soltando um gemido suave, Joseph cobriu minha boca com a dele, e meus pensamentos se esvaíram com um beijo intenso e luxurioso... um beijo que conseguiu desviar a minha atenção da insegurança que Joseph havia acabado de despertar.
Enfiei os dedos em seus cabelos para que ficasse imóvel e retribuí o beijo, acariciando e atacando sua língua com a minha. Não fazia muito tempo que éramos um casal.Menos de um mês.Para piorar nenhum dos dois tinha experiência,em um relacionamento como aquele, um relação em que nenhuma das partes precisava se preocupar em fingir que não era profundamente traumatizada.
 Seus braços se juntaram em torno de mim e me apertaram possessivamente. "Adoraria passar o fim de semana com você em uma ilha no sul da Flórida... sem roupa."
 "Hum... parece ótimo." Mais que ótimo. Por mais que eu gostasse de ver Joseph de terno,preferia mil vezes vê-lo sem nada. Não comentei nada que estaria disponível aquele fim de semana.
 "Mas tenho negócios a tratar este fim de semana..."
 "Negócios que você deixou de lado para ficar comigo?" Joseph saia do trabalho mais cedo durante a semana para ficarmos mais tempo juntos,e eu sabia que isso não era nada fácil para ele. Minha mãe estava em seu terceiro casamento e todos os maridos dela eram ricos e poderosos, bem parecidos entre si. Eu tinha consciência de que o preço da ambição eram horas e horas de dedicação.
 "Pago um salário muito generoso a algumas pessoas para poder ficar com você."
 Uma boa resposta,mas ao notar uma pontinha de irritação se insinuar em seus olhos, resolvi mudar de assunto. " Obrigada. Agora vamos tomar café antes que a gente se atrase."
 Joseph percorreu meu lábio inferior com a língua e então me  soltou. " Quero decolar amanhã ás oito da noite. Não precisa levar muita coisa. O Arizona é quente e seca."
 "Quê?" Fiquei perplexa. Ele virou as costas e desapareceu dentro do escritório. " Você tem negócios a tratar no Arizona?"
 " Infelizmente."
 Opa... Em vez de perder a chance de tomar café, preferi adiar a discussão e ir até a cozinha. O apartamento de Joseph era enorme, um exemplo da arquitetura do pré-guerra, com janelas arqueadas. O som dos meus saltos batendo no piso reluzente de madeira era abafado pelos tapetes Aubusson. Decorados com peças de madeira escura e tecidos naturais, o tom sóbrio daquele espaço luxuoso só era quebrado pelo brilho colorido das peças ornamentadas com pedras preciosas. Por mais que se tratasse de um ambiente luxuosíssimo, ainda era um lugar aconchegante e acolhedor,o lugar  perfeito para relaxar e ser mimada.
 Quando cheguei a cozinha, fui logo pondo um copo descartável na cafeteira.Joseph apareceu com o paletó estendido no braço e o celular na mão. Fiz um café para ele e fui até a geladeira pegar o leite.
 "Acho que dei sorte, no fim das contas." Eu o encarei e o lembrei de que tinha questões a resolver com o meu colega de quarto. "Preciso conversar com Cary este fim de semana."
   Joseph pôs o telefone no bolso de dentro do paletó e o pendurou em umdos banquinhos do balcão. “Você vai comigo, Demetria.”
Soltando um suspiro, despejei o leite no café. “Pra fazer o quê? Ficar lá deitada sem roupa, esperando você voltar do trabalho pra me comer?"
Ele me encarou e começou a beber o café fumegante com uma tranquilidade calculada. “Vamos brigar por causa disso?”
“Você vai dar uma de cabeça-dura? Já conversamos sobre isso. Não posso deixar Cary sozinho depois do que aconteceu ontem à noite.” A multidão engalfinhada que encontrei na minha sala na noite anterior dava um novo significado  à palavra “suruba”.
Pus o leite de volta na geladeira e experimentei a sensação de ser inexplicavelmente submetida à força de vontade de Joseph. Era assim desde o
começo. Quando queria, ele era capaz de me fazer sentir fisicamente suas exigências. E era difícil demais ignorar aquela parte de mim que só queria fazer o que ele mandasse. “Você vai cuidar dos seus negócios e eu vou cuidar do meu amigo. Depois vamos cuidar de nós dois.”
“Só vou voltar no domingo à noite, Demetria.”
Ah... Senti um frio na barriga ao ouvir que ficaríamos tanto tempo longe um do outro. A maior parte dos casais não passa todo o tempo livre juntos, mas éramos uma exceção. Tínhamos traumas, neuroses e uma necessidade da companhia do outro que exigiam contato constante para nos manter em um estado mental saudável. Eu detestava ficar longe de Joseph. Quase nunca passava mais de duas horas sem pensar nele.
“Você também não gostou nadinha da ideia”, ele disse baixinho,mostrando que sabia exatamente o que eu estava pensando. “Quando domingo
chegar vamos estar desesperados.”
Soprei meu café com leite e arrisquei um gole. A perspectiva de passar um fim de semana inteiro sem ele me perturbava. Para piorar, gostava menos ainda da ideia de que ele passasse todo esse tempo sem mim. Joseph  tinha um mundo de escolhas e possibilidades à sua disposição, mulheres bem menos perturbadas e complicadas.

Apesar de tudo, consegui argumentar mais um pouco: “Isso não é exatamente saudável, Joseph”.
“Quem disse? Ninguém sabe o que é passar pelo que nós passamos.”
Eu era obrigada a concordar.
“Precisamos trabalhar”, eu disse, sabendo que essa indecisão nos deixaria nervosos o dia inteiro. Mais tarde poderíamos resolver a questão, mas naquele momento estávamos diante de um impasse.

















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