segunda-feira, 30 de junho de 2014

Capítulo 3

Senti meu corpo todo se aliviar, e minhas mãos desceram pela lapela de seu paletó. Talvez ele não estivesse mesmo procurando por ela e, ainda que estivesse, eu não poderia ser mais diferente de Corinne, tanto em termos deaparência como de temperamento. Eu era uma novidade. Uma mulher diferente de todas as outras, em todos os sentidos. Como eu queria que isso bastasse para
aplacar meu ciúme...
“Talvez fosse mais um padrão do que uma preferência.” Alisei a ruga que havia se formado em sua testa com a ponta do dedo. “Converse sobre isso com o doutor Petersen na consulta de hoje à noite. Eu queria ter mais a dizer depois de
tantos anos de terapia, mas não tenho. Existe um monte de coisas sem explicações entre nós, não é mesmo? Ainda não faço ideia do que foi que você viu em mim.”
“O grande mistério é o que você viu em mim, meu anjo”, ele respondeu em

voz baixa, amenizando a expressão do rosto. “Você sabe quem eu sou e me quer tanto quanto eu quero você. Todas as noites vou dormir com medo de que você
não esteja lá quando eu acordar. Ou que assuste você... com os meus sonhos...”
“Não, Joseph.” Meu Deus. Aquilo era de cortar o coração. Acabava comigo.
“Posso até não falar dos meus sentimentos da mesma maneira que você,
mas sou seu. Você sabe disso.”
“Sim, eu sei que você me ama.” Loucamente. Absurdamente. Obsessivamente.
Assim como eu.
“Sou louco por você, Demetria.” Com a cabeça inclinada para trás, ele me puxou
para me dar o mais doce dos beijos, seus lábios se movendo suavemente junto
aos meus. “Eu mataria por você”, ele sussurrou. “Abriria mão de tudo o que
tenho... mas não desistiria de você. Esses dois dias são o limite. Não me peça
mais que isso. Não consigo ceder mais.”
Eu sabia qual era o peso exato daquelas palavras. Sua riqueza era seu escudo, sua possibilidade de exercer o poder e o controle que havia perdido em algum momento da vida. Joseph tinha sido violado e brutalizado, assim como eu. O fato de preferir perder sua paz de espírito a abrir mão de mim significava
mais do que qualquer declaração de amor.
“Só preciso de dois dias, garotão, e vou te recompensar muito bem por eles.”
O brilho afetuoso de seu olhar foi substituído pelo desejo carnal. “Ah, é?
Está querendo compensar sua ausência com sexo, meu anjo?”
“Sim”, admiti sem a menor vergonha. “Muito sexo. Parece funcionar muito bem com você.”
Ele abriu um sorriso, mas seu olhar penetrante me fez perder o fôlego.
Aquele olhar me fazia lembrar que Joseph não era um homem que pudesse ser
manipulado ou domado — como se fosse possível esquecer.
“Ah, Demetria”, ele sussurrou, ajeitando-se no assento com a confiança indiferente
de um grande felino que tinha conseguido atrair um ratinho para sua toca.
Um tremor delicioso se espalhou por meu corpo. Quando se tratava de Joseph Jonas, o que eu mais queria no mundo era ser devorada.
Pouco antes de sair do elevador para o hall de entrada da Waters Field &
Leaman, a agência de publicidade em que eu trabalhava, no vigésimo andar do
edifício Crossfire, Joseph sussurrou no meu ouvido: “Pense em mim o dia todo”.
Apertei sua mão discretamente no elevador lotado. “É o que eu sempre
faço.”
Ele continuou subindo até o último andar, que abrigava a sede das
Indústrias Jonas. O Crossfire era uma de suas muitas propriedades na cidade,
que incluíam o prédio onde eu morava.
Eu tentava não dar muita bola para isso. Minha mãe era o protótipo da esposa troféu. Havia aberto mão do amor do meu pai em troca de um estilo de vida luxuoso, coisa com a qual eu não me identificava nem um pouco. Trocaria a riqueza pelo amor sem pensar duas vezes, mas acho que para mim era fácil dizer
isso, porque tinha dinheiro, distribuído em uma considerável carteira de investimentos.
Não que algum dia tivesse recorrido a ele. Aquela fortuna era fruto de muito sofrimento, a um custo inimaginável. Megumi, a recepcionista, destravou a porta de vidro da entrada e me cumprimentou com um enorme sorriso no rosto. Era linda e jovem, com os cabelos bem pretos emoldurando seus admiráveis traços asiáticos.
“Oi.” Eu parei em sua mesa. “Tem compromisso para o almoço?”
“Agora tenho.”
“Ótimo.” Abri um sorriso largo e sincero. Por mais que adorasse Cary e passasse ótimos momentos com ele, precisava ter amigas também. Além disso, Cary já estava começando a criar uma rede de conhecidos na cidade, e eu tinha sido sugada para o universo de Joseph praticamente no momento em que chegara. Por mais que gostasse de passar todo o meu tempo livre com ele, sabia que não era saudável. Amigas são fundamentais para oferecer uma nova perspectiva quando necessário, e eu precisava criar esses laços de amizade se quisesse me beneficiar deles mais tarde.
Depois de combinar o almoço, entrei pelo corredor, a caminho da minha baia. Quando cheguei à mesa, guardei a bolsa e a mala da ginástica na última gaveta e peguei o celular para pôr no silencioso. Vi que havia uma mensagem de
Cary: Desculpa, gata.
“Cary Taylor”, suspirei. “Eu te adoro... mesmo quando você me irrita.”
E daquela vez ele tinha me irritado pra valer. Mulher nenhuma gostaria de
entrar em casa e dar de cara com uma suruba bem no meio da sala. Muito menos depois de ter acabado de brigar feio com o novo namorado.
Respondi à mensagem: Reserve o fim de semana p/ mim.
A mensagem seguinte demorou a chegar, o que me fez pensar que ele estava
pensando a respeito. "Nossa, vc deve estar planejando me dar uma baita
surra".
“Talvez”, murmurei, estremecendo com a lembrança daquela... orgia que
encontrei em casa. Mas, acima de tudo, o que eu achava era que precisávamos
passar mais tempo juntos. Estávamos em Manhattan fazia pouco tempo. A cidade
era uma novidade para nós, tínhamos um apartamento novo, empregos novos
e namorados novos. Estávamos fora da nossa zona de conforto, o que não era nada fácil considerando nosso passado, e não sabíamos muito bem como lidar com tudo aquilo. Geralmente recorríamos um ao outro para restabelecer o equilíbrio, mas nos últimos tempos não vinha sendo esse o caso. Precisávamos
recuperar o tempo perdido.
Que tal uma viagem p/ Vegas? Só eu e vc?
Porra, fechado!
Ok. Conversamos mais tarde.
Depois de pôr o celular no silencioso e guardá-lo, passei os olhos pelos porta-retratos ao lado do meu monitor — um com fotos dos meus pais e de Cary, outro com fotos minhas com Joseph. Ele mesmo havia feito aquela colagem,
para que eu me lembrasse dele enquanto trabalhasse. Como se fosse preciso...
Eu adorava ter a imagem das pessoas que amava por perto: minha mãe com seus cabelos loiros ondulados, seu sorriso irresistível e seu corpo curvilíneo coberto apenas por um biquíni pequeno enquanto curtia o verão na Riviera
Francesa no iate do marido; Richard Stanton, meu padrasto, com sua postura imponente e distinta, seus cabelos brancos criando uma combinação curiosa com a juventude da esposa; e Cary, capturado em toda a sua glória fotogênica, com seus cabelos castanhos brilhantes, olhos verdes faiscantes, e um sorriso largo e malicioso. Aquele rosto de um milhão de dólares estava começando a ser presença constante nas revistas, e em pouco tempo estaria em outdoors e pontos
de ônibus, em anúncios da grife Grey Isles.
Através do corredor estreito, olhei para a parede de vidro do pequeno escritório
de Mark Garrity e vi seu paletó pendurado na cadeira, mas nem sinal
dele. Não foi nenhuma surpresa encontrá-lo na máquina de café, preparando
uma caneca para viagem — éramos ambos viciados em cafeína.
“Pensei que você já tivesse pegado o jeito”, comentei, referindo-me à sua
dificuldade com a nova cafeteira.
“Peguei, obrigado.” Mark ergueu a cabeça e abriu um sorriso charmoso.
Ele tinha a pele escura e reluzente, um cavanhaque bem aparado e olhos castanhos
que exalavam simpatia. Além de ser bonito, era um ótimo chefe — sempre disposto a me ensinar coisas valiosas sobre o mercado publicitário e ciente de
que para mim não era preciso pedir nada duas vezes. Trabalhávamos muito bem
juntos, e minha vontade era que essa parceria continuasse por muito tempo.
“Experimente”, Mark ofereceu, pegando outro copo fumegante no balcão.
“Experimente”, Mark ofereceu, pegando outro copo fumegante no balcão.
Aceitei de bom grado, notando que ele havia sido atencioso a ponto de acrescentar
creme e adoçante, exatamente como eu gostava.
Dei um gole cauteloso, já que a bebida estava quente, e fui obrigada a
tossir ao sentir um sabor inesperado e nada agradável. “O que é isso?”
“Café sabor blueberry.”
Não resisti à tentação de reclamar um pouco mais. “E por que alguém beberia
isso?”
“Ah, então... seu trabalho é descobrir, e depois posicionar isso no mercado.”
Ele levantou a caneca. “Um brinde à nossa nova conta.”
Sentindo um calafrio, respirei fundo e dei mais um gole.
Tinha certeza de que aquele sabor doce e enjoativo de blueberry artificial só sairia da minha boca várias horas depois. Como já estava na hora do intervalo,
fiz uma busca rápida na internet pelo dr. Terrence Lucas, que havia deliberadamente
provocado e irritado Joseph no jantar da noite anterior. Mal tinha
digitado o nome dele e o telefone da minha mesa começou a tocar.
“Escritório de Mark Garrity. Demetria Lovato falando.”
“É sério esse negócio de Las Vegas?”, perguntou Cary.
“Claro que é.”
Ele fez uma pausa. “É assim que você vai me contar que está indo morar
com seu namorado bilionário e que eu estou sozinho?”
“Quê? Não. Está maluco?” Fechei bem os olhos, tentando compreender a
insegurança de Cary, mas ao mesmo tempo pensando que éramos amigos havia tempo demais para esse tipo de dúvida existir. “Você não vai se livrar de mim tão cedo, pode ter certeza.”
“E você decidiu ir para Vegas do nada?”
“Mais ou menos. Achei que seria uma boa ficar na beira da piscina virando uns mojitos e usar e abusar do serviço de quarto por uns dias.”
“Não sei se posso me dar a esse luxo.”
“Não se preocupe, é tudo por conta de Joseph. No avião dele, no hotel dele.
A gente só precisa pagar o que consumir.” Não era verdade, já que eu pretendia pagar tudo, menos o transporte aéreo, mas Cary não precisava saber disso.
“E ele não vai?”
Recostei-me na cadeira e fiquei olhando para as fotos de Joseph. Eu já estava com saudades, e fazia apenas umas duas horas que tínhamos nos despedido.
“Ele tem que ir para o Arizona a trabalho, então vamos dividir o avião com ele, mas em Vegas vamos ser só nós dois. Acho que estamos precisando disso.”
“É verdade.” Ele respirou fundo. “Acho que seria bom respirar outros ares
e passar um tempo com minha melhor amiga.”
“Muito bem, então. Ele quer sair amanhã à noite, às oito.”
“Vou começar a arrumar a mala. Quer que eu prepare a sua?”
“Você faria isso? Seria ótimo!” Cary poderia ser estilista ou assessor de
moda. Ele tinha muito talento no que dizia respeito a roupas.
“Demi?”
“Oi?”
Ele suspirou. “Obrigado por aturar as merdas que eu faço.”
“Para com isso.”
Depois de desligar, fiquei olhando para o telefone por um bom tempo, lamentando
o fato de Cary estar tão infeliz em um momento em que as coisas começavam a caminhar bem em sua vida. Ele era especialista em se sabotar,
porque nunca tinha acreditado que merecia ser feliz.
Quando tentei voltar minha atenção para o trabalho, a página do Google aberta no monitor me fez lembrar que estava tentando descobrir mais sobre o dr. Terry Lucas. Havia alguns artigos sobre ele na internet, com fotos que comprovavam se tratar dele mesmo.
Pediatra. Quarenta e cinco anos. Casado há vinte. Já um pouco tensa, fiz uma nova busca por “dr. Terrence Lucas e esposa”, morrendo de medo de ver surgir na tela uma morena com longos cabelos negros. Para meu alívio, a sra. Lucas era uma mulher bem branquinha, com cabelos ruivos curtinhos.
Mas isso só fez crescer minha dúvida. Eu achava que uma mulher era a causa da briga dos dois.
No fundo, a verdade era que eu e Joseph não sabíamos muita coisa um sobre o outro. Só os podres. Bom, pelo menos ele sabia dos meus; os dele eu
havia apenas suposto, com base nas evidências mais óbvias. Dispúnhamos
somente do conhecimento obtido com base nas muitas noites em que dormimos
juntos. Ele conhecia metade da minha família e eu conhecia metade da dele.
Mas não estávamos juntos havia tempo suficiente para absorver todas as informações
periféricas. E, sendo bem sincera, acho que evitávamos um pouco
ficar interrogando um ao outro, como se tivéssemos medo de que mais alguma
coisa aparecesse para atrapalhar um relacionamento cujas bases já não eram tão
sólidas assim para começo de conversa.
Estávamos juntos porque éramos viciados um pelo outro. Nunca tinha me sentido tão inebriada como quando estávamos felizes juntos, e sabia que o mesmo valia para ele. Estávamos sacrificando muita coisa em troca desses momentos
de perfeição, tão fugazes que só por pura teimosia e determinação — e pelo amor que sentíamos — continuávamos lutando por eles.
Agora já chega de me torturar.
Abri meu e-mail e recebi meu alerta diário do Google sobre Joseph Jonas.
A maior parte dos links eram fotos de nós dois no jantar de caridade realizado no Waldorf-Astoria na noite anterior. Joseph aparecia vestido a rigor, mas sem
gravata.
“Meu Deus.” Não consegui evitar pensar na minha mãe ao me ver naquelas
fotos, bebendo champanhe e usando um vestido Vera Wang. E não só porque eu
era muito parecida com ela — com exceção dos cabelos longos e lisos —, mas
também por estar acompanhada de um multimilionário. Dianna Lovato Barker Mitchell Stanton era muito, muito boa na função
de esposa troféu. Sabia exatamente o que se esperava dela e executava seu papel à perfeição, embora já tivesse se divorciado duas vezes, ambas por iniciativa própria e para desgosto do ex-marido. Eu não fazia um mau juízo da minha mãe, porque sabia que ela era uma esposa dedicada e sincera, mas durante toda a minha vida quis ser independente. Meu direito de dizer não era a coisa que eu mais valorizava no mundo.
Minimizei a janela do e-mail, deixei minha vida pessoal de lado e comecei a pesquisar sobre cafés com sabor. Tratei também de marcar as primeiras reuniões com o pessoal do setor de estratégia de marketing e ajudei Mark com algumas ideias para a campanha de uma rede de restaurantes cuja bandeira era servir comida sem glúten. A hora do almoço estava chegando, e meu apetite só aumentava quando o telefone tocou. Atendi com a saudação habitual.
“Demetria?” Era uma voz feminina do outro lado da linha. “É Magdalene. Você tem um minutinho?”
Eu me recostei na cadeira, cautelosa. Magdalene e eu havíamos nos identificado
brevemente uma com a outra quando da chegada de Corinne, mas nunca esqueci como ela me tratou mal quando nos conhecemos. “Estou meio sem tempo, mas tudo bem. O que foi?”
Ela suspirou e começou a falar bem depressa, soltando uma avalanche de palavras. “Eu estava sentada bem atrás de Corinne ontem à noite. Consegui ouvir algumas coisas que ela e Joseph disseram durante o jantar.”
Senti um frio na barriga, preparando-me para um tremendo baque emocional.
Magdalene sabia muito bem como explorar minha insegurança em relação
a Joseph. “Dizer esse tipo de coisa enquanto estou trabalhando é um golpe muito baixo”, fui logo dizendo. “Não estou nem um pouco...”
“Ele não estava ignorando você.”
Fiquei de boca aberta por um instante, mas Magdalene logo preencheu o silêncio.
“Ele estava se esquivando dela. Corinne estava fazendo sugestões de lugares de Nova York para levar você, já que é nova na cidade, mas sua verdadeira intenção era fazer aquele velho jogo do lembra-quando-a-gente-foi-emtal-lugar?”
“Uma celebração dos velhos tempos”, murmurei, sentindo-me feliz por não ter conseguido ouvir os cochichos de Joseph e sua ex.
“Isso.” Magdalene respirou fundo. “Você foi embora porque pensou que ele estava te ignorando. Só queria que você soubesse que ele estava tentando impedir que Corinne te magoasse.”
“E por que você faria isso?”
“Não sou exatamente boazinha, mas me sinto em dívida com você, pela maneira como me comportei daquela vez.”
Parei um pouco para pensar a respeito. Ela de fato tinha uma dívida
comigo, por ter me seguido até o banheiro e dito um monte de besteiras típicas
de mulher ciumenta e invejosa. Não que eu acreditasse que aquela era sua única
motivação. Talvez eu fosse a opção menos desagradável entre as duas que se
desenhavam no horizonte. Talvez ela gostasse de manter os inimigos sempre por
perto. “Certo. Obrigada.”
Não havia como negar que eu estava me sentindo melhor. Um peso do qual
eu nem me dava conta de que estava carregando havia sido removido dos meus
ombros.
“Só mais uma coisa”, continuou Magdalene. “Ele foi atrás de você.”
Segurei o telefone com ainda mais força. Joseph sempre ia atrás de mim... porque eu estava sempre fugindo. Meu equilíbrio psicológico era algo tão frágil que aprendi que deveria mantê-lo a qualquer custo. Quando algo ameaçava
minha estabilidade emocional, eu dava no pé.
“Outras mulheres já tentaram esse tipo de ultimato antes, Demetria. Ficaram
entediadas, ou queriam uma demonstração grandiosa da parte dele... Viraram as
costas e saíram andando, esperando que ele fosse atrás. Sabe o que ele fez?”
“Nada”, respondi sem me alterar, sabendo com quem estava lidando: um homem que nunca interagia socialmente com mulheres com quem transava e que não transava com as mulheres com quem interagia socialmente. Corinne e eu éramos a única exceção a essa regra, mais um motivo para eu morrer de ciúmes dela.
“Nada além de mandar Angus levá-las para casa em segurança”, confirmou
Magdalene, fazendo-me pensar que ela também já havia tentado essa tática em algum momento. “Mas, quando você saiu, ele não teve tempo de te alcançar. E, quando veio se despedir, ele estava muito estranho. Parecia... fora de si.”
Porque ele estava com medo. Fechei os olhos enquanto me punia mentalmente.
Joseph já havia me dito mais de uma vez que ficava apavorado quando eu fugia, porque não suportava a ideia de nunca mais me ver. De que adiantava dizer que não conseguia me imaginar vivendo sem ele quando minhas ações
mostravam o contrário? Não era à toa que ele ainda não tinha conseguido se abrir comigo sobre seu passado.
Eu precisava parar de fugir. Joseph e eu teríamos que segurar a barra —por nós — se quiséssemos que nosso relacionamento desse certo.
“E agora estou em dívida com você, é isso?”, perguntei sem nenhuma emoção na voz, acenando para Mark, que saía para o almoço.
Magdalene soltou um suspiro. “Joseph e eu nos conhecemos há muito tempo. Nossas mães são muito amigas. Eu e você vamos nos encontrar o tempo todo, Demetria, e precisamos arrumar um jeito para que isso aconteça sem nenhum
constrangimento.”
Aquela mulher tinha ido atrás de mim no banheiro e dito sem cerimônias
que, assim que Joseph enfiasse o pau em mim, nossa relação estaria acabada. E isso em um momento em que eu me sentia particularmente vulnerável.
“Escuta só, Magdalene, se você parar com esse drama, vai ficar tudo bem.”
E, aproveitando a sinceridade dela... “Sou capaz de arruinar meu relacionamento com Joseph sozinha, pode acreditar. Não preciso de ajuda pra isso.”
Ela deu uma risadinha amena. “Foi o que eu fiz. Fui cuidadosa e acomodada demais. Mas agora é entre vocês dois. Enfim... já ocupei você por bem mais de um minuto. Vou desligar.”
“Bom fim de semana”, eu disse, em vez de agradecer. Ainda não confiava
nas boas intenções dela.
“Pra você também.”
Quando pus o telefone no gancho, bati o olho nas minhas fotos com Joseph. De repente, senti-me dominada por uma sensação de paixão e desejo.
Ele era meu, ainda que eu não soubesse até quando isso duraria. E a ideia de que
terminaria nos braços de outra mulher me deixava maluca.
Abri a gaveta e procurei meu celular dentro da bolsa. Motivada pela vontade
de fazê-lo pensar em mim com a mesma intensidade, escrevi uma mensagem sobre minha súbita vontade de devorá-lo inteiro: Daria qualquercoisa pra estar chupando seu pau agora.

2 comentários:

  1. Maaaaais! Posta mais!!! Simplesmente viciante essa historia

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  2. Pfti posta logo. *-* eles vao fazer sexo anal hahah ?? Nova leitora historia mto perfeita :3

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